Folha de S. Paulo


Fora do Oscar, diretor filipino prepara filme sobre crianças com câncer

Noel Celis/AFP
This picture taken on October 17, 2016 shows Philippine director Brillante Mendoza gesturing as he answers questions during an interview in Manila. Award-winning Philippine director Mendoza has turned his cinematic skills to promoting someone many in the West would see as an unlikely hero -- President Rodrigo Duterte and his deadly drug war. / AFP PHOTO / NOEL CELIS / TO GO WITH Philippines-crime-drugs-Duterte-Entertainment-Mendoza, FOCUS by Ayee MACARAIG ORG XMIT: NC002
O diretor filipino Brillante Mendoza em entrevista em Manila

Brillante Mendoza nunca para nem sai do lugar.

Com pouco mais de dez anos de carreira, lançou 13 longas-metragens, uma dezena de projetos curtos e foi premiado ou competiu em 42 festivais, entre eles Veneza, Berlim e Cannes -em que foi melhor diretor em 2009.

Como sua câmera que segue personagens o tempo todo, Brillante Mendoza nunca para. Há 15 dias, acertou com a First Run Pictures a distribuição nos EUA de sua obra mais recente, "Ma'Rosa".

Na mesma semana, o longa, indicado pelas Filipinas para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro, ficou fora da lista final.

Mas já tinha ficado para trás. Dias depois, ele ganhou dois prêmios por filmes institucionais, um sobre cuidadores de idosos e outro sobre maternidade, que tem como protagonista um pai.

Vídeo sobre cuidadores de idosos

Cuidadores

Formado em publicidade, o diretor —que também trabalha como roteirista e produtor e faz textos para teatro —anunciou uma nova série para a TV5 filipina e, neste fim de ano, o diretor avança a pré-produção de um novo filme, sobre crianças que se tratam de câncer.

Vídeo sobre um pai que cuida da filha

Maternidade

Brillante Mendoza, 56, também não para para dar entrevistas. Em outubro, corria o mundo. Em novembro, estava em Paris e de lá foi a Los Angeles. Nesta semana, quando a Folha enfim o encontrou em Manila, foi caminhando que ele falou, por celular, sobre seus projetos.

O diretor estava de volta ao lugar de onde nunca sai: histórias reais sobre os marginalizados de seu país. É do que trata sua obra até agora (veja filmografia abaixo) e, diz ele, é o que pretende continuar fazendo. Continuar para mudar.

"Há muitos problemas que precisam ser atacados. Sei que meus filmes não podem mudar as Filipinas ou o mundo, mas esse é meu objetivo central", diz ele sobre o porquê da predileção por temas "socialmente relevantes" (na definição do próprio diretor).

HISTÓRIAS SEM MORAL

Seus filmes, porém, são quase amorais. A trama é tensa e incômoda, os personagens agem o tempo todo, mas não sabemos o que sentem ou pensam. Os mocinhos não são simpáticos; não há vilão.

"Apenas conto histórias daqueles momentos muito particulares em que pessoas têm que fazer escolhas. Precisam decidir e agir. Mas não interfiro com julgamentos. Assim, a audiência é cocriadora. Há espaço para a conclusão de cada um."

E, assim, os filmes de Mendoza não acabam quando terminam. "Quero que o público, ao voltar para casa, continue pensando no que viu."

O diretor sabe com quem está falando: uma minoria num país em que cerca de 400 famílias controlam finanças, comunicações, negócios e boa parte da política.

VER POR SI MESMO

A maioria para a qual ele aponta a câmera está ocupada em sobreviver e não tem tempo para "esses luxos", como apreciar um filme de arte, diz Mendoza, cujo método de trabalho inclui conviver com as comunidades e imergir os atores na realidade que baseia o roteiro.

"O melhor é ver por si mesmo. Observar a vizinhança, o mercado, a fila do táxi, falar com o motorista do jeepney [miniônibus improvisados em jipes que circulam nas Filipinas], com o passageiro do seu lado. Isso é vida, isso é a realidade. Só aí é possível falar sobre os que sofrem, saber do que precisam."

É por esse motivo que Mendoza reprova quem critica o presidente filipino, Rodrigo Duterte, empossado em julho deste ano e responsável por uma guerra às drogas na qual policiais e esquadrões da morte já mataram 6.000.

"Ma'Rosa" é, coincidentemente, um filme sobre drogas e policiais. Um casal de pequenos comerciantes vende também shabu (nome dado nas filipinas a cristais de metanfetamina), é flagrado e sofre extorsão da polícia para não acabar na cadeia.

O projeto começou há quatro anos e, segundo o diretor, abriu seus olhos para o problema, que é "enorme".

Trailer do filme "Ma'Rosa"

Trailer de 'Ma'Rosa'

GUERRA ÀS DROGAS

"São necessárias medidas drásticas. Pode ferir muita gente, famílias, organizações, mas é preciso entender que não podemos pensar em nós mesmos, nossos próprios valores e filosofias. Temos que ser mais liberais e ver a situação como um todo", diz ele.

Embora Mendoza tenha condenado publicamente os assassinatos, sua defesa do presidente Duterte, cujo discurso à nação ele dirigiu, surpreendeu a mídia local.

"Em algum ponto em nossas vidas haverá alguém que fará a diferença. Não será perfeito, é só um ser humano, mas ao menos está sendo capaz de agir e tem uma meta maior, independentemente da apreciação dos outros."

Essa proximidade com um presidente que xingou Barack Obama e atacou os EUA poderia explicar a ausência de "Ma'Rosa" no Oscar?

Mendoza responde com uma gargalhada, um dos poucos momentos de descontração em 46 minutos de entrevista: "Ah, não sei. Não posso comentar sobre isso. É bem complicado."

A casa para crianças em tratamento de sua nova história também tem a ver com Duterte. Foi inaugurada pelo atual presidente quando era prefeito de Davao, no sul do país. Será interessante ver como ficará a proximidade.

*

Folha - O sr. comentou que já trabalha em um novo projeto. Sobre o que é?

Brillante Mendoza - É sobre crianças com câncer. No sul, em Davao, há esta casa onde as crianças podem ficar enquanto estão em tratamento, que tratamento pode levar vários meses.

Com esta casa elas podem economizar com transporte e hospedagem, porque não há recursos para tratar as crianças na região em que vivem.

É uma história real?

Como muitos de meus filmes, é uma história real, embora o filme seja uma ficção.

Quando estreia?

Não sei ainda.

Será também uma produção independente?

Sim. Não trabalho com grandes estúdios.

Não trabalha por uma questão de liberdade ou de ideologia? Se um grande estúdio lhe permitisse filmar com independência, aceitaria?

Desde que o filme seja uma história sobre os filipinos e eu tenha liberdade criativa total, não importa que seja independente ou uma grande companhia.

Posso fazer fora do país, por um grande estúdio, mas precisa ser sobre os filipinos, feito por mim e meu writer. Pode haver alguma colaboração, mas preciso ter total liberdade.

O sr. já disse que faz filmes porque quer mudar as coisas. Que mudanças espera?

FilipinasO país
FilipinasO país

Sei que meus filmes não podem mudar as Filipinas e o mundo, mas este é meu objetivo central. É a razão pela qual faço filmes socialmente relevantes.

Quero que as pessoas tomem consciência, quero que as coisas mudem.

Mas não acho que meus filmes farão a mudança.

Sei que não posso fazer isso sozinho, meu filme não pode mudar nada. Mas há muitos problemas ao nosso redor, e precisamos abrir os olhos para eles.

Qual o limite do que pode fazer?

É uma questão de escolha das histórias. Escolho histórias que podem tocar as pessoas, movê-las para esse meu objetivo final.

Quero que as pessoas saiam do cinema e fiquem pensando no que viram.

Quem são essas pessoas que quer que fiquem pensando? As que retrata em seus filmes? Ou as que tomam decisões?

Acho que filmes são para todos. Mas acho importante que os formadores de opinião sejam o público dos meus filmes porque eles são os que têm poder para mudar algo na vida dos marginalizados, na vida dos pobres.

Os pobres não vão ver meus filmes, porque é a história deles. Eles querem esquecer seus sofrimentos, seus problemas, querem se entreter.

Não têm a liberdade ou a vontade de ver esse tipo de filme, porque é muito próximo da realidade deles.

Mas o público mais educado, a elite dominante, eles escolhem ver aquele filme. Não estão lá para ver entretenimento, mas uma forma de arte.

Todos queremos que o povo veja meu filme, mas isso é um sonho, não vai acontecer. Ao menos não agora, não nesta geração.

Enquanto houver problemas na vida das pessoas que são a história dos meus filmes vai levar tempo para que eles apreciem esse tipo de filme.

O sr. defende o contato próximo com as comunidades que filma e seus atores fazem imersões na realidade que vão retratar. A presença da equipe no cotidiano de seu objeto de narrativa muda algo na vida deles?

Honestamente, eles nos veem, esse grupo de gente que quer fazer um filme sobre eles, mas isso não quer dizer nada para eles.

Não acham que estamos interessados neles, preocupados com eles.

Eles não têm tempo para isso, não são o tipo de gente que pensa sobre isso.

As pessoas só pensam assim depois de algum tempo, quando internalizam, quando estão sozinhos em casa e podem pensar.

Mas essas pessoas não têm esse luxo, estão muito ocupados com seus problemas, com como sobreviver.

Ana Estela de Sousa Pinto/Folhapress
Menino toma banho e mulher lava roupa em favela na região de Tondo,, uma das com mais vítimas na guerra do presidente Duterte contra as drogas nas Filipinas 31/10/2016 Foto:Ana Estela de Sousa Pinto/Folhapress
Menino toma banho e mulher lava roupa em favela na região de Tondo, que tem 600 mil moradores

O sr. quer que seu público seja impressionado por seus filmes, mas embora eles tenham sempre histórias muito fortes, os personagens são quase frios. São filmes sem moral.

Sem julgamentos. Nós humanos somos imperfeitos, e não podemos julgar os outros. Nao somos deus. Como um contador de história, como um diretor de filmes, quero contar histórias que poderiam acontecer a qualquer um. Mas não tenho o direito de julgar os personagens, porque esses personagens eu os vejo como pessoas, eu os humanizo.

Eles podem fazer algo ruim ou bom, como na vida.

E a moralidade é seletiva.

Não acredito em bom ou ruim. Quando você rotula, começa a julgar de acordo com sua moralidade.

Não haver heróis ou vilões fortalece o impacto do filme?

Sim, acho que fica mais forte se você não toma partido.

Quando converso com estudantes em universidades, eles não estão preparados para aquele tipo de fim, estão acostumados com um fim decisivo.

Sempre deixo algo em suspenso.

Então pergunto como eles se sentem sobre os personagens, se se identificam com eles, o que poderia ter acontecido ao personagem depois disso.

Cada um responde uma coisa. Todas as respostas são válidas, todos os finais são válidos. Se você vê maldade em um personagem, isso é válido porque tem base em suas experiências íntimas, sua filosofia, seus valores.

Cada espectador terá a sua verdade.

Apenas conto uma história daquele momento particular em que as pessoas precisam fazer uma decisão muito importante em suas vidas e agir, mas não interfiro com julgamentos morais.

E assim a audiência é participante e cocriadora do filme, porque tem sua própria conclusão.

E há espaço para reflexão e para os próprios inputs de cada um.

Filmar crianças coloca alguma dificuldade em seu trabalho?

É sempre difícil fazer filmes sobre crianças e animais, porque não se pode dirigi-los.

É preciso então capturar aquele momento, a reação, o pensamento, o sentimento deles naquele momento da cena.

É sempre um desafio, mas muito recompensador, porque suas reações e emoções são reais, eles são espontâneos, suas reações são verdadeiras e é isso que quero capturar.

O sr. falou em animais. Porque coloca em muitos de seus filmes cenas de um lagarto, uma cobra, ou outros animais?

Divulgação
EM NOME DE DEUS - No longa-metragem de Brillante Mendoza, um grupo de estrangeiros é sequestrado nas Filipinas por extremistas muçulmanos que lutam pela independência da ilha Mindanao
Cena de "Em Nome de Deus" (Captive), em que rebeldes muçulmanos sequestram estrangeiros

[Risos] Poderia ser uma ou duas coisas.

Vemos animais em todos os lugares. Animais são parte das nossas vidas.

Sempre tento ser sensível ao que está ao nosso redor. Pessoas vivem, morrem, fazem sexo, têm religião, têm filhos, têm animais de estimação, têm vícios.

Tudo isso é parte de ser humano. No filme, tento incluir isso.

Ou poderia ser uma metáfora.

Mas não gosto de ser muito específico sobre as metáforas, pois cada um pode ter sua interpretação.

Só tento fazer aquele animal ou planta serem orgânicos na cena, em vez de ser específico de que seja uma metáfora ou algo que quero que esteja relacionado com algo.

Recentemente o sr. defendeu a guerra às drogas do presidente Duterte, ainda que tenha deixado claro ser contra os assassinatos. O presidente tem levantando polêmicas no mundo todo e chegou a atacar os EUA e Barack Obama. E seu filme mais recente, "Ma'Rosa", é sobre drogas. Pode haver uma razão política para que "Ma'Rosa" tenha ficado fora da competição ao Oscar?

[Risos] Não sei, não posso fazer nenhum comentário sobre isso. Só posso dizer que não há concorrentes asiáticos.

Não sei, não tenho como comentar a escolha de filmes. Não há filmes franceses.

"Elle" foi sempre um destaque desde que foi lançado.

E "Neruda" também sempre foi destaque, e não foi escolhido. Os dois estão no Globo de Ouro.

Enfim, não posso comentar muito, é bem complicado.

O sr. já disse que faz narrativas, e não documentários, porque um filme de ficção é mais sobre aquilo que o diretor quer dizer sobre o tema que sobre o próprio tema. O que o sr. quer dizer sobre drogas e corrupção, que são o tema de "Ma'Rosa"?

Damir Sagolj/Reuters
A gun is placed inside a plastic bag as police investigate around the bodies of two men killed in Manila, Philippines early October 29, 2016. According to the police, the guns and sachet containing what is believed to be the drug shabu (Metamphetamine Hydrochloride) were found with the two men who were shot dead after trying to speed away from a police checkpoint. To match Special Report PHILIPPINES-DUTERTE/POLICE REUTERS/Damir Sagolj ORG XMIT: DSM03
Polícia recolhe arma em operação antidrogas em Manila

Há um problema muito sério em relação a drogas nas Filipinas.

"Ma´Rosa" começou a ser feito há quatro anos e quanto mais pesquisei mais vi que era um problema muito grande, assim como o da corrupção.

No meu pequeno poder como um narrador e diretor de cinema...

Esses problemas não serão resolvidos por uma só pessoa, mas como uma nação como um todo.

Ninguém poderá resolver sozinho. E são necessárias medidas drásticas.

Uma única pessoa precisa fazer algo sobre esse enorme problema que nos envolve, e isso pode ferir algumas pessoas, muitas pessoas, famílias, organizações, pode ferir pessoas que pensam de forma diferente.

Será difícil para essa pessoa, e os outros têm que entender que não podemos pensar em nós mesmos, nossos próprios valores e filosofias, temos que ser mais liberais em pensamento, em como vemos as coisas, as pessoas, a situação como um todo.

Precisamos ser muito sensíveis, olhar em volta e sentir as pessoas, ver o que está acontecendo, não ser apenas vingativos ou duros, ou ficar apontando para o lado ruim, sem olhar para o que tem sido feito e o que pode ser feito.

Em algum ponto em nossas vidas haverá alguém que fará a diferença, mas aquela pessoa não é perfeita, porque é só um ser humano.

Há sempre imperfeições.

Mas ao menos algo está sendo feito, aquela uma pessoa está está sendo capaz de fazer algo.

Às vezes, quando sento e penso sobre mim mesmo... Claro que eu não importo, nas Filipinas eu não importo muito, meus filmes não importam tanto.

Mas estou fazendo esses filmes independentemente. Procurando investidores, sem qualquer noção de que garantia posso dar a eles de que terão retorno sobre o que investirem.

E toda vez que escolhemos uma história, sabemos que não é popular, não é comercial. Não é algo que as pessoas vão adorar ver, sou visto como alguém que faz filmes difíceis.

Gostaria que as pessoas fossem mais abertas, mais compreensivas.

Pessoas muito ricas, que gastam 10 milhões numa noite no cassino, eu gostaria que eles pudessem fazer algo. Mas não posso reclamar, apenas continuar fazendo o que faço, porque é a minha escolha.

Entende o que estou tentando dizer?

Está comparando suas dificuldades com...

Estou fazendo um paralelo da minha vida com o contexto mais amplo ao redor de mim. Numa escala mais ampla, há pessoas que estão fazendo a mesma coisa, mas são a minoria, dá para contar nos dedos.

Estão fazendo sacrifícios, mas sabem que estão fazendo a diferença e não se importam com as críticas, porque têm uma meta maior.

Estão satisfeitos independente da apreciação ou crítica dos outros. Porque sabem que somos imperfeitos.

Erik De Castro/Reuters
Philippine President Rodrigo Duterte walks with cadets of the Philippine Military Academy during the Armed Forces anniversary celebration at Camp Aguinaldo in Quezon city, Metro Manila December 21, 2016. REUTERS/Erik De Castro TPX IMAGES OF THE DAY ORG XMIT: GGGEDC900
O presidente filipino Rodrigo Duterte em cerimônia militar em Manila

A que aspectos da atuação do presidente Duterte o sr. se refere quando diz que ele está fazendo a coisa certa?

Precisamos de políticos que façam, não só falem e planejem. Pessoas de ação.

O povo precisa ver que algo está sendo feito, precisa sentir fisicamente que algo está acontecendo.

E eu sinto que algo está acontecendo. Posso sentir porque me conecto com as pessoas.

Muitos criticam, mas eles não entendem sobre o que estão falando.

Estão num país do Primeiro Mundo, ou não, mas estão dentro de seus quartos. Não convivem, não veem o que está acontecendo.

Comentam com base em suas próprias noções e estudos, mas eles não sabem, não entendem.

Há apenas acusações, presunções e muitas vezes sobre notícias que não são nem completamente verdadeiras.

Como se diz por aí, "quando não lemos as noticias, ficamos desinformados. Mas quando lemos, ficamos enganados".

Um comentário difícil de ouvir para quem é jornalista...

O melhor é ver por si mesmo, conectar-se com os outros e ser mais realista, observar sua vizinhança, o mercado, ficar na fila do táxi, falar com o motorista, com o passageiro do seu lado.

Isso é vida, isso é a realidade.

Só aí você pode falar sobre a vida, sobre os que sofrem, sobre do que as pessoas precisam.

Em 11 anos de carreira, o sr. fez 13 longas e outras dezenas de trabalhos. Em algum momento descansa? Ou trabalha o tempo todo?

[Risos] Eu não trabalho. Eu só levo minha vida. Fazer filmes é natural para mim.

Não faço esforços extras, trata-se de falar com as pessoas, de aprender e ensinar, de produzir junto.

Nunca me canso. Fisicamente, talvez, eu chegue em casa exausto —o que até acho bom porque assim durmo profundamente [risos].

Estava em Los Angeles e meu produtor me colocou neste quarto enorme de hotel. Era tão absurdamente grande que, para aproveitar direito aquele exagero, veja que bobagem, eu fiquei no quarto durante dois dias. E então adoeci, porque isso não é minha natureza.

Não estou acostumado a ficar parado, não é algo que seu coração ou sua mente queiram fazer.

Fazer filmes eu posso fazer todos os dias, e falo com muita gente, entrevisto as pessoas, faço pesquisas perto das pessoas, e adoro esse processo.

Quem poderia se cansar disso?

Eu jamais ficarei cansado, é algo que realmente amo fazer.


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