Folha de S. Paulo


Galeristas lançam nova feira, a Semana de Arte, em São Paulo

No saturadíssimo calendário das feiras de arte, existe o "supermercado e a delicatéssen". Thiago Gomide, um dos sócios da galeria Bergamin & Gomide, usa essa comparação para descrever como ele espera que seja a mais nova feira de arte do circuito paulistano.

Marcada para agosto do ano que vem na Hebraica, a Semana de Arte, liderada por ele, pela galerista Luisa Strina e pelo crítico Ricardo Sardenberg, está sendo pensada como uma espécie de butique de obras
finas, para poucos e bons.

Serão só 35 galerias, o equivalente à nata das casas que se destacam em meio à fúria de grandes eventos como a Art Basel Miami Beach, com quase 300 participantes, ou a SP-Arte, que bate em quase 200.

Essa ideia de clube VIP, aliás, também vai se aplicar à seleção do elenco. Não haverá um processo do qual galerias peçam para participar, como costuma acontecer. Elas serão convidadas a entrar, tal qual as boates selecionam os melhores looks na entrada.

Também vão precisar de aprovação sobre o que levar, já que a ideia é garantir certa diversidade e equilíbrio entre obras modernas e contemporâneas, nacionais e de fora.

Strina e Sardenberg estão acostumados a exercer essa função. Ela, que já foi do comitê de seleção da feira de Miami, a maior dos Estados Unidos, é uma das marchandes mais poderosas do planeta. Ele, que atua como consultor do evento americano no Brasil, também tem certo peso, assim como Gomide, que em poucos anos transformou sua galeria numa referência do mercado de arte moderna.

Fortes, D'Aloia & Gabriel, Luciana Brito e Leme já confirmaram presença na Semana de Arte, de acordo com Strina. A galeria Vermelho, também entre as maiores do país, já foi convidada, bem como as "principais galerias de São Paulo", ainda segundo Strina.

O evento será o primeiro sinal de concorrência a abalar a hegemonia da SP-Arte no cenário brasileiro, hoje a única feira com peso internacional no país depois de sucessivas crises da ArtRio. Mas Strina e Gomide dizem que não buscam competir com a feira criada por Fernanda Feitosa e ressaltam que vão continuar indo à SP-Arte.

Há ainda a disputa por atenção com outras feiras menores na cidade, entre elas a Parte, com obras a preços mais acessíveis, e a SP-Arte/Foto, o braço do evento de Feitosa dedicado à fotografia, também em agosto.
"Não vamos concorrer com nada", diz Strina. "Sempre vai haver mercado para isso. Será uma feira pequena, fechada, mais para colecionadores, sem grande público."

Entre as casas estrangeiras já convidadas estão a Sprovieri, de Londres, e a Neugerrimschneider, de Berlim. De acordo com Gomide, a mais nova feira brasileira tomou como inspiração a Frieze Masters, o braço de arte moderna da Frieze, de Londres, e a Independent, de Nova York, um dos eventos mais hypados do circuito global.

Ou seja, pretende combinar o ar sisudo dos corredores acarpetados sob luz indireta da feira londrina com o despojamento punk do evento americano, onde todas as galerias, tal qual ocorrerá na Semana de Arte, têm espaços do mesmo tamanho, sem uma hierarquia pautada pela metragem do estande.


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