Celebrando a amizade, a 11ª edição da Balada Literária começa nesta quarta-feira (23) e permanece até o domingo (27) com atividades em diversos pontos ao redor de São Paulo.
Neste ano, o tradicional festival concebido pelo escritor Marcelino Freire homenageia o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, morto há vinte anos.
"Caio Fernando Abreu é um escritor dos primeiros leitores, tem essa temática da libertação e liberação pouco convencional, do encontro consigo mesmo, você descobre nele um amigo, um companheiro", diz Freire.
O curador explica que ainda que não houvesse a efeméride, a homenagem seria legítima: "Ele expressava a libertação da pessoa como cidadão, estilo de vida, posicionamento político e a balada tem muito isso de homenagear contravenção, quem está contra a corrente".
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O escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, homenageado do festival |
A programação está repleta de amigos e familiares de Caio F., como a irmã, Cláudia Abreu, e a amiga e jornalista Paula Dib, autora da biografia "Para Sempre Teu, Caio F". Elas se juntam à fotografa Vania Toledo para uma roda de conversas mediada pelo jornalista Claudiney Ferreira, na Livraria da Vila, nesta quinta-feira (24).
Outro destaque é Ney Matogrosso, que participa do show de abertura "Em Tercina", ladeado por Alzira E e Tetê Espíndola, na quarta, e, no dia seguinte, de uma conversa sobre letras e músicas com o jornalista Edson Natale e o escritor e ator gaúcho Ismael Caneppele.
Além de Caio F., o evento também relembra Elke Maravilha, morta neste ano. Na quinta, o "Transarau Maravilha" será comandado por Ed Marte e Renato Negrão e terá participações de Gero Camilo, da cantora Fabiana Cozza e da dupla Pedro Guimarães e Will Robson.
"Elke foi uma das primeiras a aceitar o convite para participar da balada deste ano, ela foi amiga do Caio e morou por um tempo em Porto Alegre, então a gente vai fazer esse transarau celebrando a diversidade sexual, outra temática que conversa com a obra dele", diz Freire.
No sábado (26), haverá uma leitura dramática da peça "Tchau, Querida", de Ana Maria Gonçalves com a direção de Wagner Moura, seguida de bate-papo com a autora, o diretor e o elenco.
As atrações têm entrada franca, com exceção do show de abertura, do Transarau e do projeto Estados de Poesia, a preços populares.
ROUANET
Sem tempo hábil para captar recursos via Lei Rouanet, como fez nos três últimos anos, a Balada Literária precisou contar com parceiros antigos para tirar do papel a sua 11ª edição.
O projeto obteve autorização em setembro, mas o período para a captação dos R$ 644.490 só foi liberado no dia 1º de novembro, inviabilizando o patrocínio do evento durante sua concepção.
"Chegou uma hora que não podíamos mais esperar a publicação no Diário Oficial, precisávamos confirmar as agendas dos artistas, a lei já era morta", diz Freire.
A organização recorreu ao Itaú Cultural e ao Sesc para viabilizar o pagamento dos cachês dos artistas, transporte e outros custos de produção.
"Sao 11 anos ininterruptos, nunca deixamos de fazer a Balada, resistimos em forma de guerrilha, os artistas compreendem", diz o curador.
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BALADA LITERÁRIA
QUANDO 23 a 27/11
ONDE Diversos lugares de São Paulo
INFORMAÇÕES no site do evento