Folha de S. Paulo


'Trolls' capricha para seduzir público infantil

Quem canta seus males espanta. O lema é seguido à risca em "Trolls", animação da Dreamworks que dá vida aos simpáticos bonequinhos de olhos arregalados e cabelos coloridos. Prepare os ouvidos para muita música. Felizes e baladeiras, essas criaturas cantam a cada cinco minutos. Ou menos.

Trata-se, na verdade, de uma comédia musical, embalada por sucessos das antigas, como "The Sound of Silence" e "Total Eclipse of the Heart", e pelos hits atuais "Move Your Feet" e "Can't Stop the Feeling" –a canção-chiclete que é tema do longa, na voz de Justin Timberlake.

É preciso admitir: em certos momentos, dá até vontade de dançar na poltrona. Entretanto, existe um exagero sonoro às vezes irritante. E a versão dublada traz algumas adaptações que não funcionam bem.

Mas isso não será um problema. Principalmente às crianças menores, a quem o filme deve seduzir logo nos primeiros acordes, também por meio de tons vibrantes, cores fluorescentes e de muito brilho.

Uma experiência quase psicodélica, turbinada pela exibição em 3D cheia de efeitos especiais que faz toda a diferença. Nesse sentido, lembra um pouco a "rave" apresentada em "Madagascar 3: Os Procurados" (2012).

Liderados pela princesa Poppy, a heroína da história, os trolls levam uma vida alegre, adoram celebrar e se abraçam várias vezes ao dia. Existe apenas uma ameaça à tanta harmonia.

Ogros pálidos e macambúzios, os bergens não sabem o que é felicidade. Ou melhor, sabem somente ao engolirem um troll. Por isso, vivem à caça dos pequeninos cabeludos, que, após uma fuga espetacular, conseguem se esconder durante 20 anos.

Quando as décadas de tranquilidade acabam, a princesa pede ajuda ao cinzento e mal-humorado Tronco, único troll pessimista, para resgatar os amigos raptados. Poppy, então, descobre que o mundo "não é só bolinhos e arco-íris". Nem assim interrompe a cantoria (para alegria de uns e desespero de outros).

A mensagem escancarada e meio piegas sobre como encontrar a felicidade torna o enredo absolutamente previsível. Desde as cenas iniciais, o desfecho é entregue de bandeja, mastigado para quem quiser adivinhar sem nenhum esforço.

Mais uma vez, isso não será problema ao público-alvo da animação. As crianças não vão enfrentar qualquer dificuldade para se deixar levar pelas aventuras de Poppy, Tronco e seus amigos.

Os adultos, porém, devem sentir falta do timing cômico e do humor mais maduro marcantes na franquia Shrek, também da Dreamworks.

TROLLS
DIREÇÃO Mike Mitchell e Walt Dohrn
PRODUÇÃO EUA, 2016
QUANDO em cartaz
CLASSIFICAÇÃO: livre


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