A 40ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo exibe hoje (30) cinco filmes do cineasta norte-americano William Friedkin, e a chance de vê-los na tela grande não deve ser perdida.
A Maratona Friedkin começa às 13h30, no Espaço Itaú - Frei Caneca 2, com a exibição de "Viver e Morrer em Los Angeles" (1985), um filme policial estiloso e com uma das melhores perseguições de carro já filmadas.
William Petersen faz um policial à caça de um falsário (magistralmente interpretado por Willem Dafoe). Petersen era "o" ator de filmes policiais em meados dos anos 1980: além de "Viver em Morrer em os Angeles", havia atuado nos ótimos "Thief" (1981) e "Manhunter" (1986), de Michael Mann. Hoje é mais conhecido pelo papel do Dr. Gil Grisson na série "CSI".
Na hora do almoço, a programação obrigará o espectador a escolher entre "Viver e Morrer em Los Angeles" e "O Comboio do Medo" (1977), que será exibido às 14h no Espaço Itaú - Augusta 1, mas de novo às 20h no Frei Caneca 2.
Este é um filme importante na carreira de Friedkin, mas por razões pouco festivas: foi um imenso fracasso de bilheteria e prejudicou para sempre a carreira do diretor em Hollywood.
Refilmagem do clássico "O Salário do Medo" (1953), do francês Henri-Georges Clouzot, ídolo de Friedkin, "O Comboio do Medo" conta a história de quatro fugitivos da Justiça —entre eles Roy Scheider ("Tubarão") e Francisco Rabal (ator de vários filmes de Buñuel, como "Viridiana" e "A Bela da Tarde")— que acabam numa selva isolada em um país não identificado da América do Sul.
Depois que uma explosão em uma torre de petróleo mata um monte de gente e causa um imenso incêndio, que só pode ser controlado com uso de explosivos, os quatro recebem uma missão quase suicida: transportar caminhões cheios de nitroglicerina pelo meio da floresta.
"O Comboio do Medo" é um grande filme de ação, mas deu um azar danado: foi lançado um mês depois de "Guerra nas Estrelas", de George Lucas. O tom sombrio e a violência do filme de Friedkin contrastavam demais com o clima de matinê das aventuras de Luke Skywalker.
O prejuízo foi tão grande que Friedkin foi despedido da Universal e passou a ter muita dificuldade para aprovar seus projetos, apesar de ter dirigido, quatro anos antes, o megasucesso "O Exorcista".
Os três filmes seguintes da programação são "Parceiros da Noite" (1980), "Operação França" (1971) e "O Exorcista" (1973).
Em "Parceiros da Noite", Al Pacino faz um policial que se infiltra no mundo gay sadomasô de Nova York para tentar capturar um assassino.
A comunidade gay nova-iorquina não gostou e protestou contra o filme, apesar das garantias de Friedkin e Pacino de que o filme não denegria a imagem deles. Tinham razão: apesar de extremamente "dark" e pesado, o longa não faz juízo de valor da opção sexual de ninguém.
"Operação França" (1971) é um dos grandes filmes policiais já feitos e, se você nunca viu o detetive Jimmy "Popeye" Doyle (Gene Hackman) perseguindo de carro o metrô de superfície onde se esconde o traficante Pierre Nicoli (Marcel Bozzufi), esta é uma chance imperdível.
Aqui, tudo é soberbo: a maneira detalhista como Friedkin mostra o trabalho de investigação de Doyle e seu parceiro, Buddy Russo (Roy Scheider), o comportamento um blasé e frio do traficante Alain Charnier (Fernando Rey, outro ator querido por Buñuel), e três ou quatro cenas de ação imitadas até hoje.
E que tal encerrar a noite com "O Exorcista"? Feito há mais de 40 anos, visto e revisto incontáveis vezes, ainda é uma das experiências mais impactantes do cinema de horror. Quem já teve a chance de assisti-lo no cinema sabe que seu poder de assustar se multiplica inúmeras vezes numa sala lotada.
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MARATONA FRIEDKIN
Viver e Morrer em Los Angeles 
13h30, no Frei Caneca 1 e 2
O Comboio do Medo
14h, no Itaú Augusta 1, e 20h, no Frei Caneca 2
Parceiros da Noite 
16h, no Frei Caneca 1 e 2
Operação França 
18h, no Frei Caneca 1 e 2
O Exorcista
22h e 22h15, no Frei Caneca 1 e 2