Folha de S. Paulo


'Black Mirror' ganha terceira temporada turbinada pela Netflix

"Black Mirror" surgiu modestamente, em 2011, no Channel 4, canal público inglês cuja audiência dependia do "Big Brother" e reprises de "Friends". A ideia do seriado nos moldes de "Além da Imaginação" era contar histórias isoladas sobre riscos (e benefícios) da tecnologia.

Após duas curtas temporadas, logo cultuadas por fãs de ficção científica, a antologia criada pelo britânico Charlie Brooker, 45, entrou na mira de grandes emissoras americanas. HBO e Sci-Fi Channel mostraram interesse em comprá-la e produzir novos episódios com maior escala.

A Endemol, empresa holandesa dona não só dos direitos de "Black Mirror" mas de "Big Brother", aceitou a oferta da Netflix, que se impressionou com os números das duas temporadas que disponibilizou on-line. O serviço de streaming teria oferecido US$ 40 milhões pelos direitos e garantido orçamento maior para a terceira temporada.

A perda do seriado enfureceu o diretor criativo do Channel 4, Jay Hunt, que reclamou, para o jornal britânico "The Guardian", de terem sido ignorados "os riscos assumidos por um canal público ao apoiar o programa".

O contrato com a Netflix prevê a realização de 12 novos episódios, 6 deles disponíveis desde a última sexta (21) –a outra metade deve estrear em 2017, e a única informação adiantada é que Jodie Foster dirigirá um capítulo com a atriz Rosemarie DeWitt ("Poltergeist: O Fenômeno").

"O formato esperava por algo como a Netflix", conta Brooker, durante um evento para críticos em Los Angeles. "As pessoas podem assistir como desejarem, porque não há arco de história contínuo ou ganchos. Cada história tem um fim definitivo."

Os seis novos episódios não têm limite de duração; oscilam em torno de uma hora cada um –"Odiados Pela Nação" chega aos 90 minutos.

Para eles, Brooker chamou diretores como Joe Wright ("Desejo e Reparação") e Dan Trachtenberg ("Rua Cloverfield, 10") e um elenco mais conhecido, como Bryce Dallas Howard ("Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros") e Michael Kelly ("House of Cards"). "Imaginamos que estávamos curando um festival de cinema", brinca.

A nova temporada amplia também a gama de gêneros, que inclui humor negro, horror e thriller. Todos com alguma interferência tecnológica.

"A tecnologia nunca é a vilã", explica Brooker. "Ela sempre está presente, mas ['Black Mirror'] é sobre as falhas e as confusões humanas que ela ajudou a aumentar."

Black Mirror


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