Logo na entrada da nova ala de arte moderna da Pinacoteca, está "Antropofagia", clássico de Tarsila do Amaral. A tela saiu do segundo andar do anexo do museu a algumas quadras dali e agora ocupa um ponto estratégico para selfies.
É a grande vedete dessas galerias que servem de ponte entre as obras do século 19 no andar de cima do prédio da Luz e as salas de arte pop e contemporânea da coleção de Roger Wright inauguradas há pouco no mesmo andar.
Bem além de rearranjar os móveis, o museu se esforça para construir uma narrativa mais sólida da história da arte brasileira ao longo dos últimos séculos, gesto raro em instituições do país carentes de trabalhos desse calibre.
Nesse sentido, sem malabarismos conceituais, a Pinacoteca misturou obras das várias coleções que formam seu acervo, entre elas a do casal José e Paulina Nemirovsky, que dá nome à nova ala, para mostrar tudo numa série de salas em que as obras foram escolhidas por suas afinidades estéticas.
Na primeira, ícones como Tarsila, Lasar Segall e Brecheret. Na segunda, as mulatas de Di Cavalcanti e as festas populares vistas por Portinari. Depois, vêm as paisagens de José Pancetti e Alfredo Volpi, este último já servindo de prelúdio à sala de abstração geométrica que vem logo depois, do rigor de Waldemar Cordeiro à elasticidade plástica maior de Hélio Oiticica, Lygia Clark e Willys de Castro.
Obras de Mira Schendel com caligrafia delicada sobre papel japonês, já na última sala, dão o tom da abstração mais livre reunida ali, de Manabu Mabe a Tomie Ohtake. Também está lá uma tela da chamada fase negra de Ivan Serpa, que mostra uma figura esquálida agonizando. Na visão da curadora Valéria Piccoli, o quadro "supergestual e violento" serve de introdução à ala pop ali perto.
GALERIA JOSÉ E PAULINA NEMIROVSKY
QUANDO abre sáb. (22), às 11h; de qua. a seg., das 10h às 17h30
ONDE Pinacoteca, pça. da Luz, 2, tel. (11) 3324-1000
QUANTO R$ 6, grátis aos sábados