Folha de S. Paulo


Drama 'Fala Comigo' vence premiação pulverizada no Festival do Rio

Numa premiação bastante pulverizada, em que os 13 troféus principais foram distribuídos para 11 filmes, o drama "Fala Comigo", de Felipe Sholl, foi escolhido pelo júri como o melhor filme do Festival do Rio 2016, na noite deste domingo (16).

Divulgação
Tom Karabachian em cena de
Tom Karabachian é Diogo em cena de 'Fala Comigo', primeiro longa do diretor Felipe Sholl

Primeiro longa do diretor, a obra também ficou com a láurea de melhor atriz, para Karine Teles. Ela interpreta Ângela, quarentona depressiva que acaba de terminar um casamento e que desenvolve um relacionamento com um garoto de 17 anos, filho de sua terapeuta.

"A gente está vivendo um momento muito difícil para o Brasil, nossa democracia e nossos direitos estão ameaçados. Espero que nosso filme faça uma pequena parte para ajudar o país a ser menos conservador", disse Sholl ao receber o prêmio.

"A Luta do Século", de Sérgio Machado, que narra a trajetória e a rivalidade dos pugilistas nordestinos Reginaldo Holyfield e Luciano Todo Duro, foi o vencedor na categoria documentário.

O troféu de melhor direção para filmes de ficção ficou com a gaúcha Cristiane Oliveira, por "Mulher do Pai". Estreante em longas, ela agradeceu sua equipe e a população da vila em que filmou, no interior do Rio Grande do Sul. "Esse filme é fruto das políticas de diversificação dos investimentos em cultura e é importante que isso continue."

O filme também ganhou com sua atriz coadjuvante (Verónica Perrota) e na categoria fotografia –nesta, dividiu o prêmio com "Superorquestra Arcoverdense de Ritmos Americanos".

As condecorações também foram divididas entre os atores. Nelson Xavier ("Comeback") e Júlio Andrade –este, premiado por dois trabalhos, "Redemoinho" e "Sob Pressão"– partilharam o troféu principal, enquanto Stepan Nercessian ("Sob Pressão") venceu como coadjuvante.

"Não sei nem como começar, na verdade. Bom, fora, Temer", disse Andrade ao receber seu troféu. Visivelmente emocionado, ele dedicou o prêmio aos diretores, colegas e à sua família. "Eu venho plantando essa semente há muito tempo. Neste ano eu estava com três filmes no festival."

O júri, presidido pelo francês Charles Tesson, diretor da Semana da Crítica do Festival de Cannes, foi composto pelas diretoras Maria Augusta Ramos e Sandra Kogut e pelo ator Rodrigo Santoro. Eles deram o prêmio especial para "Redemoinho", do mineiro José Luiz Villamarim.

O público que assistiu ao festival, por sua vez, elegeu como favoritos "Era o Hotel Cambridge", de Eliane Caffé (melhor longa), e "Divinas Divas", de Leandra Leal (melhor documentário).

A opinião popular e a profissional quase coincidiram na escolha do melhor curta: "Demônia, um Melodrama em 3 atos", de Fernanda Chicollet e Cainan Baladez, foi eleito pela plateia e recebeu menção honrosa do júri.

CERIMÔNIA

Apresentada pelos atores Isis Valverde e Antonio Calloni, a longa cerimônia começou com uma hora de atraso e teve falhas pontuais, mas que não estragaram a festa.

Além da entrega dos troféus Redentor, ela teve uma homenagem a artistas mortos neste ano, como Elke Maravilha, Marília Pera, Yoná Magalhães, Guilherme Karan e Hector Babenco.

Como de praxe, discursos políticos pontuaram a premiação. "Fora, Temer e fora, Crivella", disse a diretora Bia Lessa ao receber o troféu Novos Rumos de melhor filme por "Então Morri".

"Não podemos esquecer por nem um dia que existe um presidente ilegítimo desgovernando esse país", disse Daniel Ribeiro, um dos diretores de "Love Snaps", que levou o troféu especial do júri do Prêmio Félix, láurea do festival dedicada às produções de temática LGBT.

Os demais vencedores do Félix foram "Rara", da chilena Pepa San Martin (ficção) e "Divinas Divas", de Leandra Leal (documentário). A modelo Lea T foi escolhida a personalidade do ano.

Em sua 18ª edição, mais curta e enxuta por conta da crise econômica, o Festival do Rio exibiu 250 títulos de mais de 60 países e teve cerca de 200 mil espectadores, segundo os organizadores.


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