Não foi aquele velho e bom duelo de guitarras. Foi algo melhor, foi como uma transa em pleno palco, transa entre dois velhos amigos, felizes pelo reencontro em uma turnê e novo CD após cerca de uma década de separação.
O Libertines sempre foi marcado por essa conversa sonora entre Pete Doherty e Carl Barat. É mais do que um instrumento solo e outro base, é um passo além no rock, são duas guitarras solando complementares que, juntas e apenas juntas, constroem cada canção. Coisa vista em grandes álbuns dos Rolling Stones e em todo o Velvet Underground.
Quase todos os jovens clássicos do Libertines, a melhor banda que a Inglaterra produziu neste milênio, estavam lá: "Vertigo" e "Up the Bracket", do disco de estreia de 2002, a sensacional "Don't Look Back into the Sun", single de 2003, "Can't Stand Me Now" e "What Katie Did", do álbum de 2004, algumas do novo CD "Anthems for Doomed Youth", de 2015.
Entre essas canções, Barat se aproxima de Doherty: acende um cigarro e coloca na boca do amigo. Depois, acende um para si. Amor puro. Em outro momento, batem os ombros. Em outro ainda, colidem seus braços de guitarra causando um barulhão.
Nos camarins, outro acontecimento fofo: eram 22h50 do sábado (8) e Doherty tinha se enfurnado no banheiro feminino para cheirar cocaína. Barat abriu a porta e avisou que era hora do show. Delicadamente levou o amigo ao palco, segurando-o pelo braço.
De manhã, uma anedota contada por um membro da organização: o baterista Gary Powell foi à academia do Hyatt e "fingiu" que um peso caiu em seu pé. Queria ir a um hospital ser tratado com morfina.
Antes dos Libertines, Wilco fez outro show excelente com seu country rock. Tocou canções da carreira de mais de 20 anos e agradou demais.
O Popload, que começou em pequenas casas de show, chegou ao porte de ser chamado de festival em um espaço ao ar livre na zona norte. Bares com bom atendimento, banheiros limpos e sem fila –tanto na pista normal quando na premium. E os Libertines fechando a noite. Desta vez, acertou em cheio.
LIBERTINES 