Folha de S. Paulo


Plataforma faz 'crowdticketing' para sessões de cinema

Enquanto uma sessão de cinema era suspensa em Brasília por falta de público, outra do mesmo filme, no Rio, tinha a lotação garantida.

Essa previsibilidade é uma das vantagens do Kinorama, ferramenta de cinema sob demanda que começou a funcionar no final de agosto.

Nela, a venda dos ingressos é feita pela internet, pelo preço normal de bilheteria, mas a sessão só é realizada se 60% deles forem vendidos.

Divulgação
Cena de
Cena de 'Epidemia de Cores', cuja sessão foi viabilizada pelo Kinorama

Caso isso não aconteça, o cinema programa outro filme, com venda normal, e não tem prejuízo. O modelo é chamado "crowdticketing", em alusão ao "crowdfunding".

"Nossa proposta é abrir espaço para filmes que têm dificuldade de entrar em circuito, especialmente documentários, que não costumam fazer grande bilheteria, além de ampliar as opções para o público", diz Eduardo Gomes.

Gomes, 39, é um dos idealizadores do Kinorama, ao lado de Raphael Erichsen, 38 e Clarice Laus, 31. De acordo com ele, dois terços dos filmes brasileiros não chegam às salas, e a ocupação média delas é de 20%. Na primeira sessão vendida assim, em São Paulo, a lotação chegou a 92%.

O site se inspirou na página Queremos, que junta fãs interessados em trazer shows para suas cidades, e em plataformas estrangeiras como o americano Gathr e o espanhol Screenly, que atuam em várias localidades.

O Kinorama foi lançada em março, no Rio de Janeiro, junto com um edital para a escolha dos filmes a exibir.

O primeiro deles, "Epidemia das Cores", com cinco sessões em quatro cidades do Brasil, é um documentário sobre a rotina de um hospital psiquiátrico em Porto Alegre.

Outros filmes que devem ter sessões vendidas pela ferramenta são o drama brasileiro "Asco", de Ale Paschoalini, e o documentário "India's Daugther", que mostra a história do estupro coletivo que desencadeou protestos em 2012 no país.

Depois das cinco sessões programadas de "Epidemia", a equipe do Kinorama se reunirá para avaliar os resultados e rever procedimentos, especialmente logísticos.

Uma das questões é como lidar com o hábito dos brasileiros de adquirir ingressos só pouco antes da sessão. Por enquanto, se a meta de 60% das entradas é atingida, a venda dos ingressos finais é liberada na bilheteria apenas no dia da sessão.


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