Folha de S. Paulo


Com a Osesp, Paul Lewis apresenta concertos e sinfonia de Beethoven

Ludwig van Beethoven (1770-1827) e o pianista inglês Paul Lewis, 44, formam um par musicalmente perfeito, que a Osesp apresenta entre sexta e domingo, com três programas diferentes na Sala São Paulo.

Sob a regência de Marin Alsop, Lewis será o solista dos cinco concertos para piano que Beethoven escreveu.

Jack Liebeck/Divulgação
O pianista britânico Paul Lewis
O pianista britânico Paul Lewis, 44

Serão dois concertos na récita de sexta (os de no. 2 e 3) e dois na de sábado (1 e 4). No domingo, ao lado do "Concerto no. 5" ("Imperador"), a Osesp fará a "Sinfonia no. 5".

Lewis, artista em residência da Osesp em 2016, já havia se apresentado em abril, com um recital e um concerto para piano e orquestra de Mozart (1756-1791).

Ele é um dos solistas de primeiríssima linha neste início de século 21. Tem o rigor e a elegância dos russos Evgeny Kissin e Nikolai Lugansky e, entre os atuais prodígios do piano, dispensa o exibicionismo do chinês Lang Lang.

Paul Lewis, se é que isso é defeito, tem um repertório pequeno e centrado mais no romantismo. Não se arrisca em composições posteriores. Além de Beethoven –ele gravou em dez CDs as 32 sonatas do compositor alemão– traz no repertório Liszt, Schubert e Brahms, além de Mozart, do período clássico.

Nascido em Liverpool, ele é hoje reconhecido como o grande descendente musical do austríaco de origem tcheca Alfred Brendel, 85, um dos grandes nomes do piano na segunda metade do século 20.

Lewis interpretou em público a integral dos cinco concertos para piano e orquestra pela primeira vez em 2010, no festival BBC Proms, em Londres. Gravou o ciclo com a Sinfônica da BBC, regida por Jiri Belohlávec, registro que se tornou referência, ao lado das versões de Brendel, Maurizio Pollini, Rudolf Serkin ou Claudio Arrau.

A ideia de trazer para São Paulo a maratona dos cinco concertos de Beethoven, diz Arthur Nestrovski, diretor artístico da Osesp, partiu do próprio Lewis, que pretende repetir brevemente a dose em Londres e Chicago.

Ao lado da orquestra e do solista, contudo, há a grandeza de Beethoven, que, na história da música de concerto, é bem mais que a orquestração e a beleza das melodias.

Os cinco concertos para piano e orquestra foram escritos entre 1787 –ainda sob a influência de Joseph Haydn, com quem estudou– e 1811, quando a linguagem romântica já havia definitivamente amadurecido por imposição do próprio Beethoven.

Um dos mais revolucionários inventores do repertório, ele foi também quem criou a sinfonia moderna. A de número 5 foi composta entre 1804 e 1808. Seus dois primeiros compassos –três notas sol e uma nota mi mais grave– são familiares tanto a frequentadores de concerto quanto aos ouvintes de publicidade no rádio ou na TV.

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CONCERTOS PARA PIANO E ORQUESTRA DE BEETHOVEN

Entre as obras mais conhecidas de Beethoven estão as nove sinfonias e os cinco concertos para piano e orquestra. Ao contrário das sinfonias, os concertos pedem um solista convidado. No caso dos "concertos para piano", um pianista junta-se ao grupo orquestral e em geral é o principal destaque da performance.

Cada concerto tem três movimentos, sendo que o segundo é mais lento (Andante, Largo ou Adagio) do que os dois extremos (Allegro ou Vivace). Em geral, perto do final do primeiro movimento há uma "cadenza", momento em que a orquestra para e o pianista faz um solo sobre os temas musicais apresentados. Essas cadências eram originalmente improvisadas, mas algumas tornaram-se célebres e são repetidas pelos pianistas das gerações seguintes.

Concerto n. 3

Sexta-feira, 7/10

"Concerto n. 2", Op. 19 em Si Bemol Maior
Na verdade foi escrito antes do "Concerto n. 1", mas publicado alguns anos depois. A estreia foi em Viena em 1795, com o próprio Beethoven ao piano. Ele tinha 24 anos e aquela foi a sua primeira apresentação importante para um público maior.

"Concerto n.3", Op. 37 em Dó Menor
A estreia foi em Viena 1803, também com Beethoven ao piano. Na mesma apresentação ele regeu a "Segunda Sinfonia". Conta-se que a partitura de piano ainda não estava totalmente escrita, e que Beethoven tocou boa parte de memória (a edição impressa saiu no ano seguinte). Durante o período de composição ele passou por uma forte depressão ao perceber que estava pouco a pouco ficando surdo.

Concerto n. 4

Sábado, 8/10

"Concerto n. 1", Op. 15 em Dó Maior
Começou a ser escrito logo depois da estreia do "Concerto n.2", mas acabou sendo publicado antes do outro, como obra número 15 do seu catálogo (op. 15). A estreia foi em Praga em 1798, com Beethoven solando. Aproxima-se do estilo clássico de Haydn (1732-1809), que foi seu professor direto.

"Concerto n.4", Op. 58 em Sol Maior
Embora tenha sido estreado em uma apresentação privada em 1807, a performance mais marcante deu-se em um dia frio de inverno, em dezembro de 1808, em Viena. No mesmo programa foram estreadas a "Quinta" e a "Sexta" sinfonias. Foi a última vez que Beethoven atuou como solista de orquestra. A obra começa com um delicado solo de piano antes da orquestra assumir a primeira exposição dos temas.

Concerto n. 5

Domingo, 9/10

"Sinfonia n. 5", Op.67 em Dó Menor
Sol-sol-sol-mi bemol, três notas breves e uma longa: assim começa a "Quinta Sinfonia" de Beethoven, uma das mais populares composições da música clássica em todos os tempos. A obra será tocada pela orquestra (a única nos três dias que não contará com piano solista). A sinfonia tem quatro movimentos (em relação aos concertos há um movimento a mais inserido entre o lento e o final).

"Concerto n.5" - Imperador", Op. 73 em Mi Bemol Maior
O apelido "Imperador" não foi dado pelo próprio Beethoven, mas refere-se ao caráter grandioso e majestoso da obra. É o mais longo dos concertos (cerca de 40 minutos) e o único não estreado pelo próprio compositor –quem tocou na première em Leipzig, em 1811, foi o pianista Friedrich Schneider (1786 - 1853). Aos 40 anos, Beethoven passava por diversos problemas físicos e emocionais.

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PAUL LEWIS E OSESP
QUANDO sex. (7) às 10h (ensaio aberto) e às 21h; sáb. (8), às 16h30; dom. (9) às 20h
ONDE Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, 16, tel. 11 3367-9500)
QUANTO R$ 10 (ensaio aberto); de R$ 42 a R$ 194 (concertos)
CLASSIFICAÇÃO 7 anos


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