Folha de S. Paulo


Sem Mel Gibson, atores reinventam 'Máquina Mortífera' em série de TV

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Há dez anos, rumores indicavam que um quinto filme da "Máquina Mortífera" chegaria aos cinemas. Não vingou. Mel Gibson e Danny Glover não quiseram voltar a interpretar a dupla de policiais consagrada entre 1987 e 1998, em quatro filmes que arrecadaram US$ 800 milhões nas bilheterias. Mas os detetives Martin Riggs e Roger Murtaugh são duros de matar.

"Máquina Mortífera" voltou em formato de série de TV. Estreou há duas semanas nos Estados Unidos e começa a ser exibida no Brasil nesta terça (4), pelo canal por assinatura Warner. Os atores são outros, mas a recepção da crítica americana foi ótima.

Não há exagero. A série exibiu dois episódios bem acima da média na atual safra. O produtor Matthew Miller acertou nos atores, embora a entrada de cada um no projeto não tenha sido fácil.

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Damon Wayans e Clayne Crawford na série
Os atores Damon Wayans (esq.) e Clayne Crawford na série "Máquina Mortífera"

"Eu simplesmente não queria fazer", afirma Clayne Crawford, 38, escalado para ser "o novo Mel Gibson" depois de uma carreira em séries de TV longa e constante, sem nunca ter estourado para o grande público. Ele tem mais de 60 trabalhos, incluindo episódios de "24 Horas", "CSI" (todas as séries da franquia), "Law & Order", "NCIS" e "Criminal Minds".

Essas atuações isoladas deram ao ator condição de continuar morando em uma fazenda com a família. "Pegar esse papel significava ter de mudar para Los Angeles e passar meses aqui", diz Crawford à Folha em um dos estúdios da Warner na cidade californiana. "Manter a vida nos trilhos sempre foi prioridade."

O ator só foi convencido pelo insistente produtor quando os roteiros finalizados chegaram até ele. "Tive de aceitar. Há muito talento envolvido nesse projeto."

Comparações com Mel Gibson deixam Crawford mais agitado, acentuando sua mania de ficar jogando o cabelo para trás, quase um tique durante a entrevista.

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Os atores Danny Glover [à dir], Mel Gibson e Rene Russo em cena do filme
Rene Russo, Danny Glover (dir,) e Mel Gibson em cena de "Máquina Mortífera 4", longa da franquia original

"O que ele fez foi fantástico. Tinha de achar um jeito meu de fazer, tive de me concentrar em Riggs, personagem complexo o bastante para manter um ator ocupado."

Ele define as gravações como muito exigentes, "fisicamente falando". É fácil constatar. O personagem tem uma carga de cenas de ação maior do que as protagonizadas por Gibson. Crawford agradece ao colega, Damon Wayans, outro que teve problemas antes de fechar contrato.

Aos 56 anos, Wayans é veterano de extremo sucesso na TV americana. Participou de 90 episódios da série "In Living Color" (1990-2001), da qual saiu para estourar de vez no seriado "My Wife and Kids" (2001-2005), sobre um pai de família malandro. As cinco temporadas são muito reprisadas no Brasil.

Mas Wayans passou por um situação nada cômica no ano passado. Ele se submeteu a uma cirurgia para a retirada de um tumor maligno na cabeça. "Os médicos abriram o meu nariz e retiraram por ali um tumor do tamanho de um ovo", conta na entrevista concedida em uma locação externa de "Máquina Mortífera" em Los Angeles.

Recuperado, ele destaca a coincidência "nada agradável" entre seu personagem e o que aconteceu na vida real.

Na trama, Roger Murtaugh está no hospital acompanhando o trabalho de parto da mulher, que, com dois filhos adolescentes, foi surpreendida por nova gravidez.

Ali ele sofre um infarto que o leva a uma cirurgia muito delicada. "Sei o que é ir para a mesa de operação com chance de não voltar para os filhos. A operação na minha cabeça foi de alto risco, eu me despedi de todos antes de passar por ela. Foi terrível."

No retorno ao trabalho, Murtaugh recebe recomendação médica de "evitar altos níveis de estresse" no dia a dia. Mas seu novo parceiro, Martin Riggs, é um policial com histórico problemático, que demonstra tendências suicidas desde a morte da mulher grávida em acidente de carro.

"Riggs é completamente maluco, se arrisca o tempo inteiro e vai levando Murtaugh nessa loucura. O segredo da série é essa: unir em situações de perigo extremo alguém que tem todos os motivos para viver, uma família que ama, um bebê que acaba de chegar, com outra pessoa que não tem mais nada a perder", diz Wayans. "Um vai acabar influenciando o outro."

O jornalista THALES DE MENEZES viajou a convite da Warner

NA TV
MÁQUINA MORTÍFERA
Estreia da série
QUANDO terça (4), 22h30, Warner


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