Folha de S. Paulo


Versão de 'Esperando Godot' realça embate entre o homem e o tempo

Para Elias Andreato, "Godot é algo que já passou e eu não percebi". O personagem do irlandês Samuel Beckett seria, na visão do ator e diretor, uma metáfora para as "coisas que você deixou de fazer, de acreditar ou pelas quais deixou de se apaixonar".

É nessa discussão sobre a efemeridade do tempo que Andreato se inspirou para sua montagem de "Esperando Godot", que estreia nesta sexta-feira (9) em São Paulo.

"A gente vive um momento em que tudo é muito acelerado. Temos a sensação de que não vamos dar conta de tudo", continua o diretor.

Ele está em cena como o vagabundo Estragon, que ao lado do colega Vladimir (Claudio Fontana, idealizador da montagem) segue numa espera interminável pelo personagem-título da peça.

Em meio a conversas ora banais, ora filosóficas, são atravessados apenas por um senhor (Raphael Gama) e seu escravo animalesco (Clovys Torres) e por um rapaz (Guilherme Bueno) que traz notícias do misterioso Godot. No seu aguardo pelo desconhecido, Estragon e Vladimir pouco percebem que já têm um ao outro, diz Andreato.

As referências ao tempo também estão na cenografia de Fabio Namatame –o palco de arena reproduz as engrenagens de um relógio– e na sonoplastia (com tique-taques e barulhos de alarmes).

Além do texto, o elenco canta em cena poemas de Beckett musicados por Jonathan Harold, como o que diz: "Cegos como o destino/ Nascemos morremos/ Sem noção do tempo". "A música torna a espera menos árida", comenta o diretor. "Sem fundo musical, a vida é mesmo muito cruel."

ESPERANDO GODOT
QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; até 27/11
ONDE Tucarena, r. Monte Alegre, 1.024 (entrada pela r. Bartira), tel. (11) 3670-8455
QUANTO R$ 50 (sex.) e R$ 60 (sáb. e dom)
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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