Folha de S. Paulo


Após polêmicas, cineasta mineiro deixa comissão do Oscar

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Créditos: Reprodução Facebook Legenda: Guilherme Fiúza Zenha, membro da comissão do Oscar 2017 ORG XMIT: lsrsoYnqwKG_r4I-2Vt4 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Guilherme Fiúza Zenha era membro da comissão do Oscar 2017

O diretor e produtor mineiro Guilherme Fiúza Zenha anunciou que não irá mais participar da comissão que escolherá que filme brasileiro representará o país no Oscar.

Em seu perfil no Facebook, Zenha disse que está se desligando por "questões pessoais".

Procurado pela Folha, o cineasta afirmou que não comentaria o assunto.

Instituída pela Secretaria do Audiovisual, ligada ao Ministério da Cultura, a comissão é alvo de polêmicas desde agosto, quando foi criada.

Isso porque faz parte de seus nove membros o crítico paulista Marcos Petrucelli, que já usou seus perfis em redes sociais para ironizar o diretor Kleber Mendonça Filho, de "Aquarius", o favorito à disputa.

Petrucelli ironizou o diretor após o ato encampado por ele e pela equipe de "Aquarius" na estreia do filme, no Festival de Cannes. Na ocasião, o cineasta empunhou cartazes contra o impeachment de Dilma, com dizeres que um "golpe está acontecendo no Brasil".

"Vergonha é o mínimo que se pode dizer", escreveu Petrucelli, que ainda ironizou o fato de o filme não ter levado nenhum prêmio na mostra francesa de cinema. A polêmica foi antecipada pela coluna "Sem Legenda ", da Folha.

Na tarde de quarta (24), dois diretores decidiram não inscrever seus filmes na disputa em apoio ao filme de Mendonça Filho: Gabriel Mascaro ("Boi Neon") e Anna Muylaert ("Mãe Só Há Uma"). "Achamos que este é o ano de 'Aquarius', disse Muylaert.

FILMES NA DISPUTA

Outro dos longas inscritos é o drama social "Tudo que Aprendemos Juntos", de Sérgio Machado. Caio Gullane, produtor do longa, diz que ainda não estuda retirar a inscrição do longa.

Afonso Poyart, diretor de "Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo", disse que também vai se manter na disputa. "Por que tirar o filme? Acredito nele. Respeito a atitude [dos outros diretores], mas não pretendo retirar. A decisão é do comitê", disse Poyart.

Outro concorrente, "Pequeno Segredo", também continua. "Ele tem uma temática que pode interessar ao Oscar. Investimos muito tempo e paixão para fazer um filme tecnicamente impecável e emocionante", disse o diretor David Schurmann.

O drama "Pequeno Segredo", que ainda não estreou no país, é baseado na própria história da família do diretor, os Schurmann, a famosa família brasileira de velejadores. O conflito da trama gira em torno da adoção de Kat, irmã de David, que era soropositiva e acabou morrendo após rodar o mundo com a família adotiva.

'COMISSÃO É TÉCNICA'

Petrucelli, que não viu "Aquarius" quando foi nomeado, afirma que não tem "nada contra o filme", mas contra as posições políticas do diretor. À reportagem, ele disse que não queria comentar a polêmica, mas lamentou que Mascaro e Muylaert tenham deixado de inscrever seus filmes. "Perderam uma grande oportunidade".

O Ministério da Cultura divulgou uma nota em seu site, afirmando "a confiança na capacidade e na isenção da comissão escolhida pela Secretaria do Audiovisual".

"A escolha do filme atende a critérios estritamente técnicos", informou.


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