Folha de S. Paulo


'Sou uma atriz e tudo o que eu desejo é ser compreendida', diz Kristen Stewart

Em "Café Society", Woody Allen faz uma mistura de romance e comédia melancólica passada entre as mansões de presidentes de estúdios, os verdadeiros "astros" de Los Angeles nos anos 1930.

"Era cachorro mordendo cachorro, um mundo cruel", afirmou Allen à imprensa pouco antes de o longa abrir o Festival de Cannes, em maio.

Se o tema não é inédito para ele, outras coisas foram. "Café Society" é o primeiro filme de Allen sob a bandeira de distribuição do portal de vendas on-line Amazon, que comprou os direitos por US$ 15 milhões –ele ainda fará uma série em seis partes ("Crisis in Six Scenes") para passar pela Amazon Studios.

É a estreia dele na filmagem digital e seu primeiro trabalho com o lendário diretor de fotografia Vittorio Storaro, de "Apocalypse Now" (1979). "Passamos pelo mesmo processo de como filmamos com película. Digital pode ser muito bonito, não teve nada diferente para mim", disse Allen.

Jesse Eisenberg é Bobby, jovem nova-iorquino que se muda para a Califórnia para tentar um emprego com o tio (Steve Carell), um poderoso agente de Hollywood. Bobby se apaixona pela assistente do tio, Vonnie (Kristen Stewart), que parece compartilhar da mesma visão sobre a sociedade elitista das celebridades.

Kristen, 26, entende bem do assunto. Ela não sai dos tabloides e sites de fofocas desde que foi alçada ao estrelato pela franquia "Crepúsculo", quando ainda tinha 18 anos. Nos últimos anos, ela tem trabalhado com diretores estrangeiros (como o francês Olivier Assayas e o brasileiro Walter Salles) e volta e meia seus papeis são críticos a Hollywood.

"Não há denominador comum nas minhas personagens", conta ela à Folha. "Sei que tem atores que amam se esconder atrás dos personagens para sair de si. Mas sinto que meu trabalho mais estimulante e recompensador é quando estou me encontrando e não me escondendo."

Talvez isso explique os papeis de assistente de celebridades em "Acima das Nuvens" (2014) e "Personal Shopper" (2016), ambos de Assayas, e de Vonnie, uma garota inteligente e, aparentemente, imune aos adereços e charmes da fama.

Kristen quer se encontrar no meio de fofocas, flagras com diretores casados, affairs com colegas de profissão, confissões sobre uma sexualidade dúbia. "Me importo profundamente com o que as pessoas pensam de mim, mas apenas quando essa opinião é afetada pelas que me envolvem, não pelas fofoca", explica ela. "Sou uma atriz e tudo o que desejo é ser compreendida, quando isso não acontece, fico maluca."

Kristen diz que Allen e Assayas "têm perspectivas completamente únicas e tons reconhecíveis nos seus filmes", mas que o primeiro "possui perspectiva única da vida que captura bem nos seus filmes".

"Woody trata sobre assuntos assustadores com um humor sardônico. Se você pensa muito, pode ser perturbador. Por isso ele é neurótico", brinca a atriz, que não descarta uma volta aos blockbusters de estúdio. "Adoro grandes filmes e o efeito que causam nas pessoas. Só precisaria ser um projeto válido para justificar esse apelido de blockbuster."


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