De fora das arenas da Olimpíada do Rio de Janeiro um grupo de experientes fotojornalistas independentes registra o lado B do megaevento, traçando uma narrativa paralela à convencional.
No projeto Real Game, ídolos dão vez a anônimos: saem Michael Phelps, Rafaela Silva e Usain Bolt e, em seus lugares, figuram prostitutas, manifestantes de oposição ao governo interino e moradores de comunidades pacificadas, mas sob constante vigilância policial.
A ideia, segundo uma espécie de manifesto divulgado no site do projeto, é registrar o contexto social, os contrastes e os conflitos gerados no processo dos Jogos Olímpicos.
Real Game bebe da mesma filosofia e foi concebido como uma extensão de iniciativas que registraram a vida cotidiana e os problemas sociais ofuscados pela Copa do Mundo de 2014, como Warld Cup, Offside Brazil e Jogo Bonito.
Elas serviram de ponto de partida para o coletivo atual, que conta com os olhares de cerca de 25 fotógrafos nativos e estrangeiros. Entre eles, estão os brasileiros Mauricio Lima, vencedor do prêmio Pulitzer, Rafael Vilela, da Mídia Ninja, e Marlene Bergamo, colaboradora da Folha.
"São fotógrafos que têm uma história vinculada a um social forte, que não têm apenas um olhar pontual sobre o evento. Não queríamos só mostrar o contexto social, mas mostrá-lo com qualidade", diz o franco-argentino Sebastian Gil Miranda, articulador do Warld Cup e que, agora, é uma das cabeças pensantes por trás de Real Game, ao lado de Vilela.
Ainda que essa edição dos Jogos Olímpicos esteja chegando ao fim, o projeto promete ter vida longa. "Queremos registrar as consequências posteriores [do evento] e divulgar o trabalho em diferentes lugares e para públicos de diferentes classes sociais", diz Miranda.