"Queremos mostrar para a moçada como é que a gente fazia há 20 anos, essa simplicidade sofisticada que o rap pode oferecer
Celebrado como grande nome do rap nacional, Criolo alcançou fama com os álbuns "Nó na Orelha" (2011) e "Convoque Seu Buda" (2014). Ele agora "atualiza" sua discografia ao lançar "Ainda Há Tempo", que apresenta num show em São Paulo nesta sexta (19).
Saindo em CD e vinil, o trabalho traz regravações de músicas de seu primeiro CD, lançado em 2006 com esse mesmo nome. Algumas faixas sempre fizeram parte de seus shows, como "Demorô" e "Breaco", mas pouca gente realmente teve esse disco nas mãos. "Foram impressas 500 cópias e, depois de um tempinho, mais 500" conta Criolo à Folha.
| Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
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| Criolo posa no escritório de sua assessoria, em São Paulo |
Há dois anos ele começou a conversar com DJ DanDan e Daniel Ganjaman, parceiros no disco, sobre alguma forma de comemorar o décimo aniversário. Ganjaman levantou a ideia de um show.
"O 'Ainda Há Tempo' nunca teve um show de lançamento", diz Criolo. "A master se perdeu no meu estúdio, não temos as instrumentais desse disco, não tinha como fazer um show com elas", explica, falando da fita com as bases musicais sobre as quais cantou as letras.
Ganjaman teve a ideia de pedir a produtores e beatmakers mais novos outras bases para regravações. Para Criolo, "foi a chance de mostrar jovens produtores que merecem visibilidade". Estão no disco nomes como Tropkillaz, Nave, Papatinho, Renan Samam e Filiph Neo.
Ele faz uma comparação com 2001, quando buscou pessoas que pudessem fornecer música para os versos que escrevia. "É um frame muito particular de nossas vidas, chamar essas pessoas fez um resgate de uma epopeia que começou em 2001, quando eu conheci produtores e beatmakers. Eu batia na porta deles pedindo uma instrumental. Pude refazer esse ambiente."
"Ainda Há Tempo" traz nove músicas. O CD original tinha "20 e tantas", como diz Criolo. Ele não buscou a reprodução completa do disco, apenas uma maneira de celebrar o caminho que sua trupe de amigos trilhou no rap. "A intenção é mostrar como a música é importante, como ela tece amizades, cria situações para você crescer como indivíduo."
SIMPLICIDADE
A popularidade demorou mais cinco anos para chegar, mas Criolo rejeita qualquer frustração com o primeiro disco."O que nos acalentava era a audácia de ir a um estúdio e fazer um disco. Isso já era grandioso, era tudo, tudo, tudo! Não acreditei quando peguei a caixinha do CD, eu com 30 anos, dependendo dos pais, desempregado, faltando um lateral-direito aqui e um atacante ali", diz, apontando para seus dentes e rindo.
A turnê do disco "Convoque Seu Buda" continua, em shows com banda. Para as apresentações paralelas de "Ainda Há Tempo", será um show com DJ e MC. "É uma formação clássica, tradicional. Queremos mostrar para a moçada como é que a gente fazia há 20 anos, essa simplicidade sofisticada que o rap pode oferecer. Não havia internet para registrar e muita gente não podia ver os shows nesse formato. Eu mesmo deixei de ver muitos, porque não tinha dinheiro para a condução."
No show de sexta, o amigo Emicida abre a noite para Criolo, em turnê com seu álbum "Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa".
AINDA HÁ TEMPO
ARTISTA Criolo
GRAVADORA Oloko Records
QUANTO disponível para download gratuito no site do músico
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CRIOLO
QUANDO sexta (19), às 22h30 (show de Emicida começa às 21h)
ONDE Citibank Hall, av. das Nações Unidas, 17.955, tel. (11) 4003-5588
QUANTO de R$ 80 a R$ 200
CLASSIFICAÇÃO 12 anos