Algo soa diferente em "Holy Land", vinte anos após seu lançamento, em 1996. A ser tocado na íntegra em quatro shows a partir desta sexta (12) –sem contar a primeira apresentação, que se deu em Goiânia, nesta quinta (11)–, o segundo álbum do Angra fica órfão de seu vocalista original, Andre Matos, na pequena turnê comemorativa da banda de metal brasileira.
Já o cantor homenageia a mesma seleção em shows de sua carreira solo, em uma versão também incompleta, sem, por sua vez, Kiko Loureiro, Rafael Bittencourt, Luís Mariutti e Ricardo Confessori, com quem integrou a formação do grupo à época do lançamento do disco.
| Ricardo Borges/Folhapress | ||
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| Fabio Lione e Rafael Bittencourt em show do Angra no Rock in Rio, em 2015 |
Se quiserem aproveitar a celebração nostálgica, os fãs terão de superar a rixa que até hoje perpetua entre os músicos desde seu colapso em 2000. "Sempre que tem alguma data especial a gente procura um contato [com Andre Matos], mas geralmente ele não aceita. Eu entendo, eu também já não estive pronto para essa reaproximação, também vivi meus anos de ressentimento", diz Rafael Bittencourt, o único integrante remanescente da primeira formação.
Mariutti e Confessori, que também saíram da banda com Matos, retornam como participações especiais nas apresentações do Angra. Já Kiko, que agora toca com a norte-americana Megadeth, deve aparecer pontualmente no show em Brasília, por onde sua atual banda também passa com turnê.
Juntam-se a eles como convidados o percussionista Dedé Reis e o tecladista Juninho Carelli. O palco fica completo com os atuais músicos do Angra: Bittencourt, o baixista Felipe Andreoli, o vocalista Fabio Lione, o baterista Bruno Valverde e o guitarrista Marcelo Barbosa.
CONCEITUAL
"Holy Land" é considerado o álbum conceitual do Angra. Composto durante uma imersão em um sítio no interior paulista, o disco mistura elementos da música brasileira, ritmos como o baião e sons de flauta, com a sonoridade do metal.
"Isso mostrou para o mundo o orgulho que nós temos de ser brasileiros, contextualizou o que era tocar heavy metal no Brasil, que era visto como uma selva amazônica com um Rio de Janeiro no meio", lembra Bittencourt.
Com um tema em comum entre as canções, o álbum trata do descobrimento da América e dos acontecimentos subsequentes que moldaram a história do Brasil, abordando a colonização europeia, a cultura indígena, a religiosidade e uma onda migratória posterior.
"Mostramos que a mistura é o nosso grande lance e o Angra acabou ficando conhecido por essas fusões. O álbum abriu caminho para o cenário do heavy metal no Brasil", afirma o guitarrista.
A fusão do metal com as raízes brasileiras foi reforçado também pelo contemporâneo "Roots", lançado no mesmo ano pelo Sepultura, que se deixou influenciar pela cultura da tribo indígena xavante.
Angra, por sua vez, compôs a cultuada canção "Carolina IV" com respaldo de um trecho de "Bebê", de Hermeto Pascoal, e a homônima "Holy Land", bem regional, fazendo uma referência clara à música de capoeira.
O repertório a ser apresentado inclui ainda a balada "Make Believe" e os hits "Nothing To Say" e "The Shaman", entre outras canções que serão acompanhadas, no show, por sucessos de diferentes períodos da trajetória da banda, como "Rebirth" e "Nova Era".
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ANGRA - HOLY LAND 20 YEARS
QUANDO: 12/8 (Brasília), 13/8 (São Paulo), 26/8 (Rio de Janeiro) e 27/8 (Curitiba).
ONDE: NET Live, r. 2 5 A - Asa Norte (Brasília); Tom Brasil, r. Bragança Paulista, 1281, Chácara Santo Antônio (São Paulo); Vivo Rio, av. Infante Dom Henrique, 85, parque do Flamengo (Rio de Janeiro); Pedreira Paulo Leminski, r. João Gava, 970, Abranches (Curitiba).
INFORMAÇÕES: angra.net