Folha de S. Paulo


Prêmio São Paulo de Literatura tem estrangeiro na final pela primeira vez

Greg Salibian - 24.ago.2013/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 24-08-2013: Literatura: o escritor Mia Couto, durante palestra no
O escritor Mia Couto durante palestra no "Fronteiras do Pensamento", em 2013

Algo inédito nas nove edições do Prêmio São Paulo de Literatura: há um estrangeiro entre os finalistas. O moçambicano Mia Couto integra a lista de 20 autores na fase derradeira do prêmio, o maior do país em premiação individual.

A Secretaria de Cultura do Estado divulga no "Diário Oficial" de quarta (3) as obras e os nomes dos finalistas.

Ricardo Ramos Filho, vice-presidente da União Brasileira dos Escritores e membro do júri, explica que o regulamento do prêmio não veta a participação de estrangeiros, desde que "a obra seja em português e tenha saído primeiro no Brasil". É o caso do livro "Mulheres de Cinzas" (Companhia das Letras).

Além do moçambicano, outros nove escritores disputam o prêmio de R$ 200 mil da categoria principal —melhor romance do ano. Entre os concorrentes estão Noemi Jaffe, Marcelo Rubens Paiva e Raimundo Carrero.

Eles foram escolhidos entre 89 inscritos na categoria que, em 2015, teve como vencedor Estevão Azevedo, com "Tempo de Espalhar Pedras" (Cosac Naify).

No geral, a edição deste ano teve 195 livros inscritos de 92 editoras, cujos autores são de 14 Estados. A quantidade foi 9,3% menor que em 2015, quando 215 títulos foram submetidos à secretaria.

Com prêmio de R$ 100 mil cada, as categorias de melhores romances de autor estreante com menos de 40 anos e autor acima de 40 anos têm, respectivamente, sete e três nomes na lista final. Pelo regulamento atual, a soma dos finalistas na modalidade estreante não pode passar de dez, e cada categoria não pode ter menos de três.

"[O júri] Deixar cinco finalistas para cada categoria não seria justo", afirma Ramos Filho. Pela soma das notas, "mais livros de estreantes com até 40 tiveram avaliações melhores que obras de estreantes acima de 40".

Na edição anterior, quando era permitido ter até dez finalistas em cada categoria de autor estreante (ou seja, 20 na soma das duas categorias), o júri encontrou dificuldade em preencher as vagas. Seus dez membros deram notas de 1 a 5 aos livros, e apenas 11 títulos conseguiram pontuação superior a 30 e não foram descartados.

Assim, as listas não bateram o teto porque, segundo Ramos Filho na época, "não achamos algo que justificasse chegar até o limite".

Em 2015, Micheliny Verunschk, 43, foi escolhida a melhor estreante com mais de 40 anos com o romance "Nossa Teresa: Vida e Morte de Uma Santa Suicida" (Patuá). Já Débora Ferraz, 28, foi eleita a melhor autora estreante com menos de 40 anos pelo romance "Enquanto Deus Não Está Olhando" (Record).

Os vencedores deste ano serão anunciados em outubro, em data ainda a ser definida.

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FINALISTAS DO 9º PRÊMIO SÃO PAULO DE LITERATURA

Melhor romance

  • "Anatomia do Paraíso", de Beatriz Bracher (34)
  • "Enigmas da Primavera", de João Almino (Record)
  • "A Resistência", de Julián Fuks (Companhia das Letras)
  • "Ainda Estou Aqui", de Marcelo Rubens Paiva (Alfaguara)
  • "Mulheres de Cinzas", de Mia Couto (Companhia das Letras)
  • "Rio Negro, 50", de Nei Lopes (Record)
  • "Írisz: As Orquídeas", de Noemi Jaffe (Companhia das Letras)
  • "Um Dia Toparei Comigo", de Paula Fábrio (Foz)
  • "O Senhor Agora Vai Mudar de Corpo", de Raimundo Carrero (Record)
  • "A Casa das Marionetes", de Santana Filho (Reformatório)

Melhor romance de autor estreante acima de 40

  • "Desgarrados", de Eda Nagayama (Cosac Naify)
  • "A Imensidão Íntima dos Carneiros", de Marcelo Maluf (Reformatório)
  • "Longe das Aldeias", de Robertson Frizero (Dublinense - Terceiro Selo)

Melhor romance de autor estreante até 40

  • "O Frágil Toque dos Mutilados", de Alex Sens (Autêntica)
  • "Resta Um", de Isabela Noronha (Companhia das Letras)
  • "Ruína y Leveza", de Julia Dantas (Não Editora)
  • "Rebentar", de Rafael Gallo (Record)
  • "Desesterro", de Sheyla Smanioto (Record)
  • "Turismo para Cegos", de Tércia Montenegro (Companhia das Letras)
  • "Para Não Dizer que Não Falei de Flora", de Tomas Rosenfeld (7 Letras)

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