Folha de S. Paulo


Crítica

Série 'Stranger Things' prova que apelo à nostalgia dá audiência

"Confira dez imagens que vão fazer você sentir falta dos anos 1980". Essa frase pode ser o título de qualquer uma dessas listas curiosas que circulam pela internet.

Mas também é o que acontece no seriado "Stranger Things". Nostalgia dá audiência, gera assunto nas redes e a Netflix não dorme no ponto.

Só neste ano, lançou uma nova versão de "Fuller House" ("Três É Demais" no Brasil, de 1987) e estreia em novembro um revival de "Gilmore Girls" (2000-2007).

Deu certo. A empresa não revela seus dados de audiência, mas um bom termômetro é a classificação do IMDB, página que reúne um banco de dados sobre o audiovisual.

"Stranger Things" chegou a 9,2 pontos (avaliada por 54 mil espectadores) e encostou em "Game of Thrones" (9,5 pontos com 1,03 milhão de votos) entre as séries mais populares do mundo.

Assistir à produção dos irmãos Duffer é tão prazeroso quanto ir a um baile da saudade com amigos antigos. Sabemos de antemão que vamos gostar da música que vai tocar, cujas letras cantaremos de cor. Mais ou menos como escrutinamos cada referência mínima a Steven Spielberg, John Hughes e Stephen King nos episódios do seriado.

A qualidade dramatúrgica, porém, supera o pastiche. Winona Ryder constrói uma mãe ausente que digere a culpa pelo sumiço do filho em um desespero quase histérico.

O carisma do elenco infantil é comparável ao de "Os Goonies" (1985). A paranormal El –papel da novata Millie Bobby Brown, de 12 anos– mal precisa falar para ser a mais cativante da tela.

"Stranger Things" faz, sim, você sentir falta dos 1980, ao mesmo tempo em que evidencia uma "strange thing" (coisa estranha) da atualidade.

Retratando um mundo às voltas com uma realidade paralela, a série estreou junto com a nova obsessão mundial: a realidade irreal do jogo de celular Pokémon Go.

Stranger Things


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