Folha de S. Paulo


Abaixo-assinado do setor audiovisual critica mudanças na Cinemateca

Após a demissão de 81 funcionários do Ministério da Cultura, incluindo a cúpula da Cinemateca Brasileira, nesta terça-feira (26), representantes do setor audiovisual e da classe artística divulgaram um manifesto em prol da instituição.

Em uma carta aberta, eles criticaram as demissões sem que houvesse um comunicado prévio "como de praxe" e rebateram a justificativa do governo federal de que "a medida visa promover 'o desaparelhamento do Ministério da Cultura" e "valorizar o servidor de carreira".

"Olga Futemma [ex-coordenadora-geral, demitida no corte] é funcionária de carreira, tendo se dedicado à Cinemateca desde 1984, onde se aposentou em 2013. Retornou à Cinemateca como coordenadora há exatamente um ano. Não é filiada a partido político, nem milita politicamente. O seu sucessor [Oswaldo Massaini Filho], já anunciado, não é servidor público, nem atua no campo da cultura audiovisual. Pela primeira vez, a indicação de um coordenador-geral não partiu do Conselho Curador, violando prática adotada nos últimos 30 anos pelos sucessivos governos", diz o manifesto.

Danilo Verpa/Folhapress
SAO PAULO - SP - 20.04.2013 - Cinemateca Brasileira, em Sao Paulo, que tem diversos postos de trabalho vazios, devido a onda de demissoes ocasionada pela crise administrativa. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, ILUSTRADA)
Fachada da Cinemateca Brasileira, em São Paulo

"A maneira abrupta e arbitrária com que as demissões foram conduzidas no Ministério da Cultura (81 no total), atingindo órgãos e grupos de trabalho, revela um açodamento político não condizente com as práticas da administração pública democrática, de graves consequências culturais. Trará risco a acervos, programas, editais, projetos, atendimentos públicos diversificados", diz a carta.

O manifesto pede a vinculação da Cinemateca ao Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) —atualmente, seu órgão superior é a Secretaria do Audiovisual.

No início da noite desta quinta (28), a lista contava com mais de 1.300 assinaturas, entre as quais as da Associação Brasileira de Cinematografia, da escritora Lygia Fagundes Telles, dos cineasta Eduardo Escorel, Ugo Giorgetti e Tata Amaral, do ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo Carlos Augusto Calil e do escritor João Paulo Cuenca. Lygia, Giorgetti e Calil integram o Conselho da Cinemateca.


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