Folha de S. Paulo


'Star Trek' completa 50 anos com nova série pela Netflix e terceiro longa

Em setembro, "Jornada nas Estrelas" (ou "Star Trek" para os mais novos) completa 50 anos. Um fenômeno pop incomparável, a criação de Gene Roddenberry (1921-1991) começou na TV em 1966, passou para o cinema em 1979, ganhou livros e gibis e deu início a uma obsessiva cultura "geek".

"Jornada nas Estrelas" chega a 2016 com uma força surpreendente que envolve "Star Trek: Sem Fronteiras" –terceiro longa da nova versão da nave Enterprise, comandada por Chris Pine (como o Capitão Kirk) e Zachary Quinto (Sr. Spock)– e uma nova série da CBS que será distribuída também pela Netflix em 2017.

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Anton Yelchin como Chekov e Zachary Quinto como Spock em 'Star Trek: Sem Fronteiras
Anton Yelchin como Chekov e Zachary Quinto como Spock em ''Star Trek: Sem Fronteiras''

O substituto de J. J. Abrams (que dirigiu os filmes de 2009 e 2013) é Justin Lin, que transformou a franquia "Velozes e Furiosos".

Explicar o sucesso de meio século da saga é tentar compreender o impossível. A série clássica estreou em 8 de setembro de 1966 e nunca alcançou audiência capaz de garantir renovações fáceis. O programa era caro e, se não fosse a insistência da comediante Lucille Ball, cujo estúdio bancou as filmagens e quase faliu, nunca teria alcançado o fim do segundo ano.

A terceira temporada de "Jornada nas Estrelas" só existiu por causa de uma campanha em massa dos fãs, que começaram a fazer convenções, abrir lojas e editar revistas baseadas na série de ficção científica sobre uma missão de cinco anos de uma nave espacial em planetas desconhecidos. Além disso, os episódios traziam uma mensagem de otimismo e inclusão que conquistou os adolescentes e que perdura.

"Vi a série quando era menor e não entendi. Parecia um bando de pessoas correndo de um lado para o outro usando objetos cinematográficos toscos e péssimos efeitos especiais", diz o sincero Quinto à Folha. "Fui incapaz de perceber a alegoria sobre problemas sociais e a noção ampla de humanidade de Roddenberry."

Mas essa foi a gangorra de "Jornada nas Estrelas": amada por milhares, era incapaz de atrair o grande público.

"'Jornada' sempre bateu forte em mim por causa da visão otimista", conta Karl Urban, dono do papel do Dr. McCoy nos novos "Star Trek". "Adoro o humor da série", resume Pine, o Capitão Kirk.

Apesar disso, até o humor da franquia variou ao longo das décadas. Na tentativa de fazer a série mais popular, o produtor e roteirista Gene L. Coon foi chamado para injetar aventura nos personagens.

PROGRESSISTA

"Star Trek: Sem Fronteiras", que estreia no Brasil em 1º de setembro, retoma um pouco do espírito de Coon ao deixar a seriedade e os segredos de J. J. Abrams de lado. No novo filme, a Enterprise é acionada para uma missão de resgate em um planeta fora dos limites da Federação e termina abatida; os tripulantes, divididos em grupos.

"A queda da Enterprise é como tirar o que unia a tripulação para mostrar como eles são melhores juntos", diz o corroteirista e ator Simon Pegg (Montgomery Scott). "É algo que gostaria de tratar numa época em que a Inglaterra sai de forma inconsequente da União Europeia e Donald Trump fala sobre muros."

"Sem Fronteiras" encontra espaço para homenagear Leonard Nimoy, o Spock original, morto no ano passado, e o ator Anton Yelchin (intérprete de Pavel Chekov na nova versão), que sofreu um acidente fatal em junho.

A música tema é de Rihanna e o filme apresenta o primeiro personagem assumidamente homossexual da saga, o oficial Hikaru Sulu (John Cho).

"Quando li que Sulu seria o primeiro personagem gay da saga, fiquei com vergonha. Afinal, a série sempre foi progressista e deveria ter tido vários personagens LGBT", afirma Cho. "Tenho certeza que Roddenberry faria o mesmo se estivesse vivo."

INÉDITOS E ANTIGOS

A Netflix anunciou que colocará à disposição todos os 727 episódios das cinco séries passadas no universo de "Jornada nas Estrelas" até o fim deste ano. Em janeiro, entrará no serviço o novo seriado inédito da CBS.


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