Folha de S. Paulo


Conjunto da Pampulha é declarado Patrimônio Mundial da Humanidade

O Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, conquistou, neste domingo (17), o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, dado pela Unesco.

"É um reconhecimento importantíssimo tanto do ponto de vista da arquitetura nacional, quanto da arquitetura internacional. A Pampulha é um exemplo da criatividade humana e do intercâmbio de ideias entre Brasil e Europa", diz Andrey Schlee, diretor de patrimônio material do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)

Para receber o título, a Pampulha precisou se comprometer com um novo plano de gestão entre os governos federal, estadual e municipal para garantir o bom estado de conservação de forma contínua e que, agora, precisará ser seguido e que será monitorado pela Unesco.

O Iphan também espera que a Pampulha, como Patrimônio Mundial da Humanidade, aumente o turismo na região de Belo Horizonte.

Construído na década de 1940 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, durante o governo do então prefeito Juscelino Kubitschek, tinha como objetivo se tornar um ponto de lazer e turismo da cidade.

Também participaram da elaboração do projeto o paisagista Roberto Burle Marx e o pintor Cândido Portinari, autor do painel externo de azulejos da Igreja de São Francisco de Assis.

Compõem o conjunto arquitetônico a Lagoa da Pampulha e sua orla, os jardins de Burle Marx, a Igreja de São Francisco de Assis, o antigo Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile, o Iate Golfe Clube (atual Iate Tênis Clube) e a praça Dalva Simão (antiga Santa Rosa).

Tuca Vieira/Folhapress
Arquitetura: Igreja São Francisco de Assis, na lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte (MG). O projeto é do arquiteto Oscar Niemeyer. (Foto: Tuca Vieira/Folhapress)
A Igreja São Francisco de Assis, na lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte (MG)

Em nota assinada pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Cultura, o governo federal se mostrou contente com o título recebido pelo Conjunto Arquitetônico da Pampulha.

"O governo brasileiro recebeu com grande satisfação a decisão da Unesco de inscrever o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte, na lista do patrimônio mundial", diz o texto da nota.

"A Unesco, ao reconhecer o valor universal excepcional da Pampulha, considerou o conjunto como símbolo de uma arquitetura moderna distante da rigidez do construtivismo e adaptada de forma orgânica às tradições locais e às condicionantes ambientais brasileiras", acrescentou.

"Essa abordagem pioneira, fruto da colaboração entre Oscar Niemeyer, Roberto Burle Marx e Candido Portinari, entre outros grandes artistas, criou uma nova linguagem arquitetônica fluida e integrada às artes plásticas, ao design e à paisagem", completou.

Ainda de acordo com a nota enviada pelo governo, a Unesco recomendou que o Brasil restaure alguns elementos do complexo arquitetônico, amplie o plano de gestão e estabeleça uma estratégia de turismo para a área, além de adotar medidas para melhorar a qualidade de água da lagoa.

A Pampulha se tornou o 20º sítio brasileiro na lista de patrimônios mundiais (incluindo culturais e naturais) da Unesco, se juntando a locais como as paisagens do Rio de Janeiro, o Plano Piloto de Brasília e o centro histórico de Olinda. A lista completa está no site da instituição.

O processo de votação, em Istambul, chegou a ser ameaçado de não acontecer devido à tentativa de golpe militar no começo da madrugada deste sábado (16). Por causa da instabilidade política da região, a reunião do Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco encerrará os trabalhos neste domingo (17), três dias antes do previsto.

Para as candidaturas que não forem examinadas pelo comitê, a Unesco deve fazer uma reunião extraordinária em sua sede, em Paris, em setembro.


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