Folha de S. Paulo


Morre o escritor Péter Esterházy, destaque da literatura húngara

O escritor húngaro Péter Esterházy morreu nesta quinta-feira, aos 66 anos, vítima de um câncer no pâncreas, sobre o qual falou em sua última obra, anunciou seu editor, citado pela agência de notícias húngara MTI.

Autor de "Os Verbos Auxiliares do Coração" e "Uma Mulher", publicados no Brasil pela extinta Cosac Naify, o autor esteve no Brasil em 2011, para participar da Flip.

Em 2010, ao dar uma entrevista à Folha sobre o primeiro romance, ele afirmou:

"As palavras são sempre insuficientes e nós podemos sempre tomá-las como esperança. Mas contra a morte elas não ajudam. Talvez possam servir contra a dor que se sente em relação à morte. Mas a literatura não é um meio de curar a dor, como uma aspirina contra a dor de cabeça. A literatura não é prática, mas perigosa. "

O romance havia sido escrito depois da morte da mãe do autor.

Esterházy inaugurou em junho a feira de livros de Budapeste, onde apresentou sua última obra, "Journal Intime Du Pancréas" (Diário do pâncreas, em tradução literal), no qual mencionou sua luta contra a doença que acabou por lhe tirar a vida.

Nascido em Budapeste no dia 14 de abril de 1950, o escritor cresceu em uma família aristocrática que teve seus bens tomados em 1948 após a o Partido Comunista ganhar o poder.

Foi estudante de Matemática e trabalhou durante quatro anos —de 1974 a 1978— no instituto de informática do Ministério da Indústria antes de se dedicar exclusivamente à literatura.

Sua obra mais importante é "Harmonia Caelestis" (2000) em que conta a história de sua família, de seus ancestrais na época do império austro-húngaro até a perseguição pela ditadura comunista.

Em 2005, com o título "Revu et corrigé" (Revisto e Corrigido, em tradução livre), publicou uma nova versão de "Harmonia Caelestis" ao descobrir que seu pai havia sido um informante da polícia política durante a época comunista.

Considerado como a personalidade mais importante "da nova prosa húngara", Esterházy deixa uma obra caracterizada por sua diversidade estilística e seus experimentos formais, uma prosa "cheia de vida" segundo o escritor americano John Updike.


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