Em "Crime Delicado" (2005, 16 anos, Canal Brasil, 22h) existe, de um lado, a crítica –ou o crítico–, e do outro lado, a arte.
O que alguns imaginam como oposição pode ser visto, antes, como entidades complementares.
E é de certa forma assim que isso funciona no filme de Beto Brant, talvez o mais profundo que já tenha feito o diretor paulista.
Pois ali tudo começa com um crítico autossuficiente (interpretado pelo ator Marco Ricca). E depois ele encontrará uma mulher a quem falta uma perna. E se apaixonará por ela.
Ou seja, ele se apaixonará, talvez de modo meio narcisístico, pela própria incompletude.
Não estamos longe –embora bem outro seja o andamento– do "Edward Mãos de Tesoura" de Tim Burton, o ser deixado incompleto pelo seu criador.
Ainda hoje, "Barbara" (2012, 12 anos, Arte1, 16h), do diretor Christian Petzold, uma dessas autópsias que o cinema germânico vem fazendo da finada Alemanha Oriental. Autópsia, no caso, até que delicada.