Juliana Frank mia. Literalmente, como um gato, ao telefone quando fala sobre as pessoas que ela quer que "fiquem vivas para sempre", pessoas que estão na dedicatória de "Uísque e Vergonha".
"Meu nome é Juliana Frank", repete, "e esse livro é apenas um livro, ou um antilivro". O anti-livro —a história de Charlotiê, menina que sai de casa aos 14 anos (ou "catorzinhos", como escreve) e se joga por cantos sujos de São Paulo— será lançado nesta sexta (1º), quando ela participa da mesa Sexografias, na Flip, com a peruana Gabriela Wiener.
Esta é a quarta obra dessa escritora paulistana de 31 anos que vive no Rio (ou em lugar nenhum, como diz; é nômade), e o fato de que escreveu parte dele quando estava com dengue —e febre— explica muita coisa.
Tem muito sexo. É quase um "conto de fadas e fodas", nas palavras da personagem, que fode o tempo todo e também é fodida pelo mundo. Deixa a mãe para viver com um tatuador que a vê como se ela existisse para servi-lo. No tempo livre, cheira cola.
Para Juliana Frank, o livro é uma canção de amor, uma ode aos românticos e à literatura marginal. A canção de amor é uma homenagem a Ricardo, um amigo de infância que morreu e que é também o melhor amigo de Charlotiê no livro. Há outros elementos autobiográficos —Juliana Frank (apelido: "Foguetinha") também morou na rua Augusta.
A escritora sugere uma playlist para inspirar a repórter a escrever esta reportagem, com "Enjoy the Silence" (Depeche Mode), "Mama, I'm Coming Home" (Ozzy Osbourne), "One" (Metallica) e "Mares da Espanha" (Angela Ro Ro).
Desta última, o título do livro: "Você quando acorda tem gente do lado/ Mas eu quando durmo é um sono abafado/ De uísque e vergonha por nunca encontrar você.
UÍSQUE E VERGONHA
AUTORA Juliana Frank
EDITORA Oito e Meio
QUANTO R$ 38 (100 págs.)