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Tunga era um alquimista, diz Adriana Varejão; leia reações à morte do artista

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O artista plástico Tunga
O artista plástico Tunga

Em sua carreira, Tunga trabalhou sobre uma poderosa união entre o corpo e o mineral, lembrou a artista plástica carioca Adriana Varejão em entrevista à Folha nesta segunda-feira (6), após a morte do colega, aos 64 anos.

"Foi um artista visceral, um alquimista, que trabalhava muito as questões do corpo, com representações de sangue, urina, junto a materiais como o ferro, o vidro, a pedra", destacou.

Assim como ela, outros nomes ligados à arte brasileira lamentaram a morte do artista pernambucano, um dos mais importantes do país. Ele sofria de câncer e estava internado desde 12 de maio no hospital Samaritano, na zona sul do Rio.

Para o ilustrador e escultor António Manuel, que sabia há algum tempo sobre a doença de Tunga, foi um choque.

"Tunga foi um dos grandes artistas brasileiros, que levou a cultura do país ao exterior. Vai deixar um vazio imenso", afirmou.

"Ele era um criador, tinha uma ousadia, uma energia de buscar coisas novas. É uma perda irreparável. Era uma pessoa de vitalidade, de paixão pela arte."

O artista plástico Waltércio Caldas disse que perdeu um companheiro de muitos anos, assim como o Brasil perdeu um de seus grandes artistas.

"Ele era um homem com uma obra tensa, profunda, uma obra muito importante para nossa época. Era um homem sempre muito coerente, profundamente dedicado ao que fez. E sempre corajoso defendendo seus pontos de vista."

A artista plástica Anna Maria Maiolino e a galerista Luiza Strina ressaltaram a singularidade de Tunga.

"Tunga tinha algo diferente, só dele, que me impressionava. Era uma coisa sensual e conceitual ao mesmo tempo. Uma obra que manteve uma direção, uma visão", avaliou Luiza. "Era um dos melhores do Brasil e já tinha ocupado seu lugar na história da arte do país", disse Anna Maria.

Murilo Salles, cineasta que perfilou Tunga para o documentário "És Tu, Brasil" (2003), contou ter sentido tristeza, mas também certo alívio ao receber a notícia da morte do artista. "Ele estava sofrendo muito", lembrou.

"Tunga deixou uma obra incrível e foi um privilégio ter participado disso", acrescentou.

(MAURÍCIO MEIRELES, RODOLFO VIANA, SILAS MARTÍ, GUILHERME GENESTRETI)

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