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Na TV, Marcelo Calero critica protesto contra impeachment em Cannes

Pedro Ladeira/Folhapress
Presidente interino Michel Temer na posse de Calero, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)
Presidente interino Michel Temer na posse de Calero, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)

O ministro da Cultura no governo Michel Temer (PMDB), Marcelo Calero, classificou como "quase infantil" e "até um pouco totalitário" um protesto feito pela equipe do filme brasileiro "Aquarius" contra o presidente interino, no Festival de Cannes, em maio.

Na sessão de gala do longa na mostra, o diretor Kleber Mendonça Filho, os atores Sonia Braga, Humberto Carrão e Maeve Jinkings, entre outros envolvidos na produção, levantaram cartazes que acusavam de golpe o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Em entrevista ao programa "Preto no Branco" (Canal Brasil), exibida neste domingo (5), Calero disse que o ato pode ter prejudicado a imagem do país internacionalmente.

"Eu acho muito ruim. Como qualquer manifestação, tem que ser respeitada, isso está fora de questionamento. Agora, acho ruim, em nome de um posicionamento político pessoal, causar prejuízos à reputação e à imagem do Brasil", afirmou.

"Estão comprometendo [a imagem do país] em nome de uma tese política, e isso é ruim. Eu acho até um pouco totalitário, porque você quer pretender que aquela sua visão específica realmente cobre a imagem de um país inteiro. Eu acho que a democracia precisa ser respeitada e acho que é um desrespeito falar em golpe de Estado com aqueles que viveram o golpe realmente, o de 1964. Pessoas morreram. E as pessoas esquecem isso. Então eu acho [o protesto] de uma irresponsabilidade quase infantil."

Em entrevista à Folha após a manifestação em Cannes, Kleber Mendonça afirmou que o país vive numa democracia e que tem o direito de expressar o que acha sobre temas políticos. "O protesto em Cannes foi um gesto simbólico. O país está dividido", avaliou.

LEI ROUANET

No programa, Calero, que assumiu a pasta recriada após a revogação da decisão de fundi-la ao Ministério da Educação, também fez críticas á gestão de seu antecessor, Juca Ferreira. Para ele, o período contribuiu para a "demonização" da Lei Rouanet.

"A gente não pode pegar um ou outro caso, de um musical que poderia ter conseguido, sem a Lei Rouanet, a sua viabilidade, e dizer que a lei é uma porcaria e jogar tudo na lata do lixo. Hoje, a Lei Rouanet patrocina orquestras Brasil afora, museus importantíssimos. Se não fosse a Rouanet, a Orquestra Sinfônica Brasileira não existiria."

O ministro informou ainda que estuda fazer ajustes no mecanismo de incentivo cultural. Ele destacou que, do total de isenções fiscais concedidas pela União, 0,6% são para a Cultura.

"É muito pouco. Não justifica esse discurso do ódio contra a Lei Rouanet."


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