Folha de S. Paulo


Câmara de São Paulo abre CPI para investigar Theatro Municipal

Todos os contratos firmados pelo Theatro Municipal de São Paulo desde 2013 –ano em que o maestro John Neschling e o administrador José Luiz Herencia assumiram a direção da casa a convite da prefeitura– serão analisados por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal.

A criação da CPI foi aprovada por maioria simbólica, tendo como autor do pedido o vereador Quito Formiga (PSDB-SP). Desde dezembro, o Ministério Público e a Controladoria Geral do Município investigam o teatro. O inquérito foi aberto após a apreensão de documentos de imóveis de Herencia e a constatação de que havia um rombo nas contas do Municipal da ordem de R$ 20 milhões.

Ricardo Kleine/Divulgação
Theatro Municipal
Plateia do Theatro Municipal de São Paulo

Com o andamento das investigações, a promotoria constatou que o IBGC (Instituto Brasileiro de Gestão Cultural), organização social responsável pelas finanças do teatro, e também seu diretor, William Nacked, deveriam ser investigados sob suspeita de superfaturamento de óperas e de recebimento de propina.

A prefeitura afastou Nacked do cargo e, desde fevereiro, determinou uma intervenção sob comando de Paulo Dallari. A estratégia deveria durar três meses, mas foi prorrogada por mais 90 dias no último dia 24. A Folha teve oito pedidos de entrevista negados por Dallari no período da intervenção.

Segundo nota da assessoria do Theatro Municipal, "a possibilidade de prorrogação está prevista no decreto que instituiu a intervenção e tem como objetivo finalizar o processo de auditoria e a reorganização da entidade até que a OS esteja apta a funcionar novamente de forma autônoma".

A Folha apurou que, mais recentemente, as investigações sobre a direção do IBGC foram estendidas a seu conselho deliberativo. O inquérito aponta Claudio Willer entre os nomes que supostamente teriam sido beneficiados por pagamento de propina. Procurado pela reportagem, Willer disse que "jamais houve pagamentos ou transferências de dinheiro ou qualquer vantagem" em seu favor.

Na Câmara, a CPI terá duração de 120 dias prorrogáveis pelo mesmo prazo. "É prerrogativa nossa, de vereadores, fiscalizar a própria investigação. Assim que soube das denúncias, tomei a iniciativa de apurar o caso, até porque faço oposição ao governo", diz Formiga. Para ele, a CPI fornecerá ao Ministério Público "novas ferramentas de apuração" sobre o caso.

O vereador diz ainda que, além de analisar contratos e contas, convocará funcionários e a direção do teatro para serem ouvidos. A comissão deverá ter integrantes de PMDB, PSDB, PT, PR, PSD e PTB.


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