Folha de S. Paulo


Garcia Márquez recebe homenagem e tem cinzas depositadas na Colômbia

Cartagena, símbolo da arquitetura colonial no Caribe colombiano, recebeu com pompa neste domingo (22) as cinzas de Gabriel García Márquez em uma galeria próxima à casa que o vencedor do prêmio Nobel tinha na cidade.

"É um misto de alegria e tristeza, mas mais alegria do que tristeza por ver seu irmão chegar onde chegou. Gabito só nos deu alegria", disse Rosa Aida Garcia Marquez, 85, a quarta dos 10 irmãos do escritor.

O Claustro da Misericórdia, localizado a 100 metros da casa da família, à beira-mar, recebeu a cerimônia de homenagem ao autor, que morreu aos 87 anos em 2014, na Cidade do México, onde vivia com sua mulher, Mercedes Barcha.

Cesar Nigrinis/Xinhua
Filhos e parentes de Garcia Márquez inauguram busto em sua homenagem em Cartagena
Filhos e parentes de Garcia Márquez inauguram busto em sua homenagem em Cartagena

Grandes borboletas amarelas, um símbolo do realismo fantástico que permeia a obra de Gabo —apelido carinhoso do autor de "Cem Anos de Solidão"— enfeitavam o lugar.

Cadeiras douradas foram enfileiradas para os 400 convidados do evento, organizado pela Universidade de Cartagena, á qual pertence a galeria.

Edgar Parra Chacon, presidente da instituição, expressou a "grande honra de receber as cinzas de Gabo". Ele lembrou que foi em Cartagena que o escritor, abandonando seu diploma de Direito, começou a trabalhar como jornalista e escreveu vários de seus livros.

BUSTO DE BRONZE

Dois filhos de Gabo, Gonzalo Garcia Barcha e o cineasta Rodrigo, que vive nos Estados Unidos, inauguraram diante do público um busto de bronze de seu pai, criado pelo artista britânico Katie Murray e instalado no centro da galeria.

A peça foi colocada em uma passarela de vidro, que recebeu parte das cinzas do escritor —o restante ficará no México, onde ele viveu desde os anos 80. As cinzas foram depositadas pela família no local antes da inauguração do busto, em uma cerimônia privada.

Um dos netos de García Márquez, Matthew, leu trechos da obra de seu avô. Depois de um concerto da orquestra da universidade, a cerimônia terminou no pôr do sol, com tiros de canhão disparando milhares de borboletas amarelas de papel.

"Muito, muito emocionante. Era um compromisso que tinha com meu pai", afirmou Gonzalo.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que já descreveu García Márquez como "o maior colombiano de todos os tempos", não estava entre os participantes da cerimônia, como anunciado anteriormente.


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