Folha de S. Paulo


Com apoio de famosos, ocupações do MinC seguem em ao menos 18 capitais

Dois dias após o recuo da decisão de extinguir o Ministério da Cultura, prédios públicos em ao menos 18 capitais brasileiras continuam ocupados nesta segunda-feira (23) por manifestantes ligados à classe artística e a movimentos sociais.

Os atos seguem, agora, em protesto contra o governo do presidente interino Michel Temer (PMDB). Neste sábado (21), ele decidiu revogar a incorporação da gestão cultural à pasta da Educação, em meio às manifestações e críticas.

Ainda há prédios ocupados em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador, João Pessoa, São Luís, Natal, Fortaleza, Belém, Porto Alegre, Aracaju, Cuiabá, Teresina, Florianópolis, Recife, Brasília e Macapá

No Rio, o anúncio da recriação do MinC foi recebido com indiferença pelos manifestantes que ocupam o Palácio Capanema, onde funcionam as sedes do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional) e da Funarte (Fundação Nacional de Artes).

Os participantes alegam que o governo atual não tem legitimidade e se negam a estabelecer qualquer tipo de negociação com a atual gestão federal.

Em um vídeo publicado na página do movimento na internet nesta segunda, Marieta Severo, Enrique Díaz, Mariana Lima, Patrícia Pillar, Andréa Beltrão, Otto, Soraya Ravenle e outros artistas famosos manifestam apoio aos protestos.

"A luta pela democracia não tem data para terminar", diz Marieta no vídeo, editado pelo grupo Mídia Ninja (veja abaixo).

assista

Uma passeata contra Temer na Cinelândia foi marcada para esta segunda, às 18h, pelos organizadores da ocupação na capital fluminense.

Na sede da Funarte, em São Paulo, manifestantes não têm previsão de desocupar o imóvel. "O Minc vai voltar, mas sob um governo que não reconhecemos", publicou o movimento em sua página no Facebook.

Uma intensa agenda cultural acompanha o protesto. Nesta segunda, haverá shows de Liniker e Fabiana Cozza, entre outros eventos.

Em assembleia neste domingo (21), os ocupantes do prédio da Funarte de Belo Horizonte também decidiram manter o protesto contrário a Temer.

"Acreditamos que a decisão de retomar o MinC é uma estratégia oportunista, que visa desmobilizar as ocupações em todo o país, pois este não é um governo que, de fato, se preocupa com os avanços da área", diz comunicado divulgado pelo movimento.

Manifestantes que ocupam o Iphan Curitiba afirmaram, em sua página no Facebook, que o "recuo de Temer é uma vitória", mas que não reconhecem o governo do presidente interino. "Não é só pelo MinC, é pela democracia, é pelos programas sociais, é pelos nossos direitos."

Em Salvador, participantes do ato na Fundação Palmares, no Pelourinho, onde funciona a representação regional do MinC, organizaram neste domingo uma marcha até o Farol da Barra para protestar contra o presidente interino.

Na maioria das capitais, organizadores dos protestos pedem doações de água, comida, cobertores e utensílios.


Endereço da página:

Links no texto: