Folha de S. Paulo


Conhecida por versões, The Bad Plus toca no Brasil repertório próprio

Se algum espectador aparecer neste domingo (22), no Palco Matriz do Bourbon Festival Paraty, interessado em escutar o trio norte-americano de jazz The Bad Plus tocando suas versões para clássicos de Nirvana, Rush, David Bowie ou Neil Young, a decepção será garantida.

O show, dividido com o saxofonista Joshua Redman, terá apenas composições originais dos quatro músicos. O mesmo vale para a apresentação de terça (24), no Bourbon Street, em São Paulo.

É que o trio e o saxofonista um tanto mais experiente (começou em 1991, dez anos antes dos amigos) divulgam "The Bad Plus Joshua Redman", disco de 2015 no qual os músicos buscam um lugar comum entre seus interesses.

Divulgação
O saxofonista americano Joshua Redman (no alto) com o trio de jazz The Bad Plus
O saxofonista americano Joshua Redman (no alto) com o trio de jazz The Bad Plus

"Faz um bom tempo que só gravamos músicas nossas", diz à Folha, por telefone, David King, baterista do Bad Plus. "Mas, na nossa carreira, a imprensa deu muita atenção às versões que fizemos para músicas de outros artistas. E a verdade é que escrevemos a maioria do nosso material."

"A imprensa" entende o recado e muda de assunto para a morte de Prince, uma vez que o Bad Plus foi formado em Minneapolis, mesma cidade do mítico "tampinha", falecido em abril, aos 57. "Prince foi um embaixador para a nossa cena", afirma o baterista. "Os músicos daqui sempre trombavam com ele, o nosso show ele viu algumas vezes."

Mas por que o Bad Plus nunca gravou uma canção do artista? "Veja que coincidência: após oito anos sem regravar músicas, vamos lançar um álbum só de reinterpretações e ele trará 'The Beautiful Ones', que registramos antes da morte de Prince", diz King.

O disco do trio com a releitura da balada de Prince deve se chamar "It's Hard" e está previsto para chegar às lojas neste ano. "Mas você não ouvirá essa em nossos shows no Brasil", alerta o músico.

REDMAN

Com a moral de ter cursado ciências sociais em Harvard, Joshua Redman, 47, toca no Brasil sem se desconectar da sucessão presidencial em seu país. Ele é otimista sobre a possibilidade de Donald Trump se tornar o próximo comandante dos EUA.

"O que me preocupa são preconceitos e atitudes exacerbadas que a campanha expôs, especialmente no lado republicano", diz o saxofonista. "Existe um eleitorado bem raivoso e precisamos entender de onde essa raiva vem. Será que essas pessoas não foram abandonadas pelo governo?"

"Entendo o que está acontecendo como um chamado político para nos conscientizarmos. Se isso não acontecer agora, seguiremos ainda mais divididos como nação."

O músico também opina sobre a iniciativa da famosa loja de discos Amoeba, na Califórnia, de transformar a seção de jazz em espaço para vender maconha. A primeira das três lojas da rede a sofrer a mudança seria a de Berkeley, cidade natal do saxofonista.

"Acho surpreendente e triste. A Amoeba é fantástica e essa notícia não é um bom sinal para o mercado de jazz. No entanto, o negócio é deles. E, talvez, alguém entre lá interessado em erva e saia com um disco bacana."

THE BAD PLUS JOSHUA REDMAN
QUANDO dom. (22), às 21h (Paraty); ter. (24), às 21h30 (SP)
ONDE Paraty: pça. da Matriz; SP: Bourbon Street Music Club, r. dos Chanés, 127, tel. (11) 5095-6100
QUANTO grátis (Paraty) e R$ 185 a R$ 235 (SP)
CLASSIFICAÇÃO livre (Paraty) e 18 anos (SP)


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