Folha de S. Paulo


No Brasil, 54% não consomem livros literários por vontade própria

Cresceu ligeiramente o número de leitores no Brasil nos últimos quatro anos: eram 50% da população em 2011 e 56% (104,7 milhões de pessoas) no ano passado.

Mas a literatura está longe de ser o formato preferido no país: 54% dos alfabetizados não lê romances, contos e poesias por vontade própria.

Os dados são da quarta edição da pesquisa Retratos da Leitura, realizada pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro. Mais de 5.000 pessoas com idades a partir dos cinco anos foram entrevistadas, em todo o país, sobre seus hábitos e motivações de leitura.

O Ibope considera leitores os que leram ao menos um livro, inteiro ou em partes, nos últimos três meses. Quem não se enquadra nesse requisito é considerado não leitor, mesmo que tenha lidos nos últimos 12 meses.

Ronny Santos/Folhapress
Biblioteca Mario de Andrade, a segunda maior do Brasil, em São Paulo
Biblioteca Mario de Andrade, a segunda maior do Brasil, em São Paulo

Jornais físicos e digitais lideram o ranking dos tipos de materiais mais procurados: 17% os leem todos os dias, enquanto a literatura atinge 9% da população diariamente, atrás ainda de revistas e livros não-literários.

A quantidade de livros lidos por ano no país aumentou de 4, em 2011, para 4,96 em 2015 —2,43 terminados e 2,53 em partes.

O número aumenta conforme a escolaridade (10,87 para os entrevistados com nível superior) e a renda familiar (11,28 para mais de 10 salários mínimos). O hábito da leitura também é maior entre estudantes (9,38 livros por ano), sobretudo devido a títulos indicados pela escola e didáticos.

A Bíblia é o livro mais lido no Brasil e aparece também nas listas de última obra lida e de títulos mais marcantes.

NÃO LEITORES

É de 44% a parcela da população considerada não leitora no Brasil. Em 2011, eram 50%. Esses apontam a falta de tempo como o maior motivo para não ter lido nos últimos três meses.

Em sua maioria, eles são homens (48%), com 70 anos ou mais (73%), das classes D e E (60%), com renda familiar até um salário mínimo (52%) e moram na região Sul do Brasil (50%).

Setenta e quatro por cento dos entrevistados disseram não ter comprado livros nos últimos três meses —30% da população nunca comprou um livro.

LEITURA NO CELULAR

O Ibope também pesquisou a popularidade dos livros digitais no país. Entre os considerados leitores, 34% já leram títulos digitais. Na população em geral, 41% já ouviu falar do formato —em 2011, era 30%.

Chama atenção, no estudo, a principal ferramenta utilizada para ler obras na internet: 56% usam smartphones, enquanto aparelhos desenvolvidos especialmente para a atividade, como Kindle e Kobo, atingem só 4% dos leitores digitais.

Na web, agora sim, títulos literários são os mais consumidos (47% dos que já leram livros digitais), seguidos por técnicos (33%) e escolares (21%).

O número de leitores digitais que pagam por download de títulos também teve um leve crescimento, de 13% em 2011 a 15% no ano passado.


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