A estilista Patrícia Vieira abriu o quarto dia de desfiles da São Paulo Fashion Week com um desfile inspirado em Cuba. Entre looks feitos com estampas tropicais e de ladrilhos típicos da capital Havana, uma bandeira brasileira flamejava com o balanço dos corpos das modelos.
O tom político não só permeou a coleção como também a conversa que teve com jornalistas logo após o desfile, regado a cachaça e coxinhas feitas pela banqueteira Maria Alice Solimene, dona de um serviço de buffet de São Paulo e que emprestou sua casa para o desfile da amiga.
A favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, Vieira disse à Folha que "precisava se posicionar".
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Folha — Você está se envolvendo na política?
Patrícia Viera — Não estou me envolvendo. Estou envolvida 100%.
Como?
Como indústria, porque a moda gera muitos empregos.
Não acha um tanto contraditório falar em Cuba nesta coleção?
Cuba está se abrindo, "darling". O Obama foi para lá. A Chanel está indo para lá [a grife francesa fará desfile na próxima terça-feira (3/5), em Havana].
Mas e a história do país?
Não pensei na Cuba política. Pensei na sua beleza e nas suas mulheres. Não quero que o Brasil se transforme em uma Cuba. Trabalho com liberdade. A moda precisa de liberdade. A imprensa precisa de liberdade. A criatividade precisa de liberdade. Apesar de nunca ter sido muito política, este momento pede posicionamento.
Estou apaixonada pelo Sergio Moro. Eu casaria com o Moro amanhã. E eu me apaixonei pelo Cunha no dia da votação do impeachment. Temos de dar um basta nisso.
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Nota da redação: Após ter dito à Folha que havia se apaixonado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, durante a votação do impeachment, a estilista Patrícia Vieira enviou nota de esclarecimento.
"No calor da entrevista, Patrícia trocou os nomes e disse 'que se apaixonou por Cunha', quando na realidade estava se referindo ao juiz Sergio Moro", diz a nota. Moro não estava na sessão do dia 17.