Folha de S. Paulo


Morre aos 75 anos Umberto Magnani, o padre Romão de 'Velho Chico'

Dois dias após passar mal enquanto esperava para gravar a novela "Velho Chico" (Globo), o ator Umberto Magnani morreu nesta quarta-feira (27), aos 75 anos, no Rio.

Magnani interpretava o padre Romão na atual trama global das 21h e teve um acidente vascular encefálico (AVE) na manhã desta segunda (25), nos estúdios da emissora.

Ele estava internado no hospital Vitória, zona oeste da capital fluminense. Segundo a unidade, a morte foi causada pelo quadro de AVE hemorrágico.

O ator tinha mais de 30 anos de carreira na TV. Na Globo, atuou ainda em "Laços de Família" (2000), "Mulheres Apaixonadas" (2003), "Cabocla" (2004), "Alma Gêmea" (2005), "Páginas da Vida" (2006), entre outros folhetins.

Em 2006, Magnani saiu da Globo para participar de novelas no SBT e Record, incluindo "Chamas da Vida" (2008), que está no ar em reprise.

Voltou para a Globo 10 anos depois para integrar o elenco de "Velho Chico", mas ficou pouco mais de um mês na trama. Seu personagem será substituído por um novo padre, interpretado por Carlos Vereza.

Em fevereiro, em um encontro de divulgação da novela promovido no galpão do diretor Luiz Fernando Carvalho dentro dos Estúdios Globo, Magnani disse que seu personagem na trama era bem difícil de fazer. "Ele é cheio de silêncios", falou. E contou que estava sendo uma "grande experiência" trabalhar com Carvalho, a quem chamou de "danado". O ator também afirmou que o folhetim de Benedito Ruy Barbosa, que tem uma forte crítica social e trata de problemas do rio São Francisco, era "uma causa".

TEATRO E CINEMA

Nascido Santa Cruz do Rio Pardo, no interior de São Paulo, Magnani ingressou em 1965 no curso de interpretação da Escola de Arte Dramática paulista.

Já nesse ano, foi dirigido por Antunes Filho, na peça "A Falecida", de Nelson Rodrigues. Em 1968, foi para o Teatro de Arena, onde substituiu Antonio Fagundes em "Primeira Feira Paulista de Opinião", encenado por Augusto Boal.

No fim dos anos 1970, ganhou destaque como ator em "O Santo Inquérito", de Dias Gomes e direção de Flávio Rangel.

Por sua atuação em "Lua de Cetim", de Alcides Nogueira e direção de Marcio Aurelio, levou o Prêmio Molière em 1981. Sobre o trabalho na peça, o crítico Sábato Magaldi escreveu: "Umberto Magnani aproveita a melhor oportunidade que teve como ator e vive um Guima comovido, mentindo-se no fracasso e bebida, marcado pela tragédia".

Nos anos 1990, trabalhou com os diretores Gabriel Villela ("A Guerra Santa", de Luís Alberto de Abreu) e Francisco Medeiros ("Uma Vida no Teatro", de David Mamet)

Além de interpretar, Magnani também produzia muitos espetáculos —caso de "Palhaços" (1971), texto de Timochenco Wehbi, e "Lua de Cetim"— e era envolvido com as áreas políticas e administrativas do teatro. Foi, entre outros, diretor da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (Apetesp), entre os anos de 1972 e 1988, e secretário da Cultura e Turismo em sua cidade, Santa Cruz do Rio Pardo, nos anos de 2001 e 2002

No cinema, o ator trabalhou em sete produções nacionais. Entre elas, "A Hora da Estrela" (1985), adaptação do romance de Clarice Lispector, e "Quanto Vale ou É por Quilo?" (2005), analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria.

Magnani deixa a mulher, Cecília Maciel, e três filhos. O velório acontecerá nesta quarta, às 21h, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet, em São Paulo. O sepultamos será nesta quinta (28), às 14h, no Cemitério Municipal de Santa Cruz do Rio Pardo.


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