Folha de S. Paulo


Crítica

'Em Nome da Lei' beira o nonsense e ecoa filmes comerciais triviais

Se a intenção era imitar a mediocridade do cinema comercial americano, O diretor até aqui se deu bem

É cada vez mais frequente, no cinema brasileiro, a tentativa de emular o cinema de ação feito em Hollywood. A nova tentativa é "Em Nome da Lei", que tem bons atores e reverbera o atual momento político de nosso país.

Neste filme de Sérgio Rezende, que de certo modo retoma a ambição de seu longa anterior, "Salve Geral" (acrescido de fortes pitadas de "Tropa de Elite 2", de José Padilha), temos homens da lei às voltas com o crime organizado na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Divulgação
Cena do filme
Cena do filme "Em Nome da Lei"

Obviamente, o lugar já é suficientemente explosivo para tirar o sono de quem busca a justiça. Mas o novo juiz, Vítor (Mateus Solano), com seus métodos arriscados, faz questão de dificultar as coisas, para desespero de seus aliados, a procuradora Alice (Paolla Oliveira) e Elton (Eduardo Galvão), comandante da Polícia Federal.

O alvo de todos é o traficante Gomez (Chico Diaz, numa interpretação que é certamente o ponto alto do filme).

Como Gomez manda na fronteira e nos políticos, a perseguição torna-se quase impossibilitada.

Cheio de pistas falsas e personagens propositadamente caricaturais, o roteiro vai se revelando cada vez mais problemático, com soluções dramáticas que beiram o "nonsense".

É bizarro, por exemplo, como os personagens vão se encaixando em categorias muito bem definidas, como se não refletissem a complexidade do ser humano.

Nos grandes filmes de ação, o aparente maniqueísmo é bombardeado por grandes doses de ambiguidade, fazendo com que os papéis de mocinho e bandido não fiquem tão claros.

"Em Nome da Lei" vai no sentido inverso, o de bombardeamento das ambiguidades. Assim, os personagens começam mais nebulosos e terminam rasos como num filme de ação trivial de Hollywood.

Se a intenção era imitar a mediocridade reinante no cinema comercial americano, podemos até dizer que Rezende se deu bem. Se a intenção era fazer um bom filme de ação, a segunda metade do filme derruba as possibilidades que a primeira metade havia construído.

EM NOME DA LEI
DIREÇÃO Sérgio Rezende
ELENCO Mateus Solano, Paolla Oliveira, Chico Diaz
PRODUÇÃO Brasil, 2015, 14 anos
QUANDO em cartaz
AVALIAÇÃO regular


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