Folha de S. Paulo


Evolução da arquitetura militar no país é tema de série de livros

O historiador Adler Homero Fonseca de Castro pesquisa há cerca de 30 anos um tema especializado: a evolução da arquitetura militar no país.

Ele vasculhou o país de norte a sul, leste a oeste, em busca de vestígios de fortes, fortins, ou simples baterias de canhões. A busca também se estendeu a documentos, escritos ou visuais. Muitas vezes, tudo que resta de uma fortificação é uma menção em um mapa antigo.

O último grande compêndio das fortificações no país tinha sido feito pelo coronel Aníbal Barreto, ainda na década de 1950. Barreto identificou cerca de 300 pontos fortificados em todo o país. A vasta pesquisa de Adler identificou cerca de 1.200, quatro vezes mais.

Ricardo Bonalume Neto/Folhapress
ORG XMIT: 183701_0.tif A fortaleza de Santa Cruz, em Niterói (RJ), na entrada da baía de Guanabara. (Niterói, RJ. Foto de Ricardo Bonalume Neto/Folhapress)
A Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, na entrada da baía da Guanabara

"O passado do país está ligado de forma inseparável à história desse tipo particular de edificação militar. O primeiro estabelecimento permanente edificado pelos portugueses, em 1504, foi uma feitoria fortificada e, em quase todos os momentos subsequentes de importância do nosso passado, pode ser observada uma relação direta com a sua posição defensiva construída: a fundação da primeira vila, da capital do Brasil, a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro e do Maranhão; as guerras contra os holandeses travadas em torno de redutos, fortins, fortes, fortalezas e cidades muradas; a ocupação de nosso interior, acompanhada da construção de casas fortes e assim por diante até bem mais tarde, como o momento decisivo da Revolução de 1930, assinalado pelo fogo dos fortes do Rio de Janeiro ao depor o governo da República Velha", escreveu o historiador.

APOIO

Foi graças ao apoio do Exército, especialmente através da Funceb (Fundação Cultural Exército Brasileiro) que seus livros têm sido publicados. Mas a fundação é uma instituição sem fins lucrativos, por isso é impossível achá-los nas páginas virtuais das grandes livrarias.

"O objetivo não é ter lucro", diz o historiador. Não se trata de um best-seller potencial –um livro de 30 cm de altura, capa dura, com quase 500 páginas e repleto de fotos, reproduções de mapas e ilustrações coloridas. Se fosse vendido, não seria barato.

"A tiragem é de 2.000 exemplares e foi parte para a Secretaria Geral do Exército e parte para a Funceb, que tem uma proposta de envio para bibliotecas, arquivos e instituições de pesquisa", afirma Adler, que é pesquisador do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

O volume 1, que faz a introdução do tema e descreve as fortificações do Rio de Janeiro, foi publicado em 2009. O volume 2, editado em 2013, trata dos fortes da Região Norte e parte do Nordeste, com ênfase na Bahia.

O volume 3, impresso agora, cuida de outros pontos da região Nordeste, com ênfase nos fortes de Pernambuco durante a invasão holandesa.

O último volume, o 4, já recebeu verba do Pronac (Programa Nacional de Apoio à Cultura) para ser produzido, e tratará das fortificações das regiões Sudeste e Sul. Adler estima que ficará pronto em dois anos. Final feliz.

"MURALHAS DE PEDRA, CANHÕES DE BRONZE, HOMENS DE FERRO"
(Fortificações do Brasil de 1504 a 2006)
AUTOR Adler Homero Fonseca de Castro
EDITORA Fundação Cultural Exército Brasileiro
QUANTO não está à venda


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