Folha de S. Paulo


Drama real de bailarinos brasileiros é tema da série 'Work In Progress'

A vida dura dos bailarinos brasileiros virou série de TV. Dirigido pelo cineasta gaúcho Diego de Godoy, "Work in Progress", documentário em seis episódios sobre o Balé da Cidade de São Paulo, estreia nesta sexta (25) no Arte 1.

O trabalho em construção (tradução livre de "work in progress") é a montagem da coreografia "Adastra", do espanhol Cayetano Soto, que estreou em setembro do ano passado, em São Paulo.

"Eu tinha uma ideia genérica de mostrar os bastidores da companhia. Daí surgiu a oportunidade de acompanhar uma montagem, e isso deu uma linha dramatúrgica ao documentário", conta Godoy.

Quando a Prodigo Films, produtora do documentário, ofereceu o projeto para o Arte 1, os representantes do canal pediram muitas cenas de dança. "Seria chato. O bacana é falar de alta cultura sem ser cabeção", diz o diretor.

E com um pouco de drama. O desgaste dos ensaios quase insanos (a obra foi montada em 40 dias, mesmo tempo das filmagens), a tensão da escolha do elenco e da estreia conduzem a série e, espera Godoy, a expectativa do público para saber o que vai acontecer no próximo episódio.

Nesses dramas filmados por Godoy, é tudo verdade. "A série é um retrato realista do cotidiano de uma companhia de dança. Alguns documentários mostram os bastidores de forma muito enfeitada, muito limpinha, e alguns filmes de ficção se valem de fantasias sobre o mundo da dança", compara Iracity Cardoso, diretora do Balé da Cidade.

Além de acompanhar a montagem, cada episódio inclui trechos de coreografias do repertório da companhia, dançadas em espaços urbanos de São Paulo. O dia a dia na sede do balé, no bairro da Bela Vista, é filmado em preto e branco, enquanto cenas externas e entrevistas com bailarinos são coloridas.

O diretor, que sempre teve ligação com a dança "por meio de amigos, namoradas", já esperava cenas como bailarinos chorando de dor, de alegria ou frustração.

Previa que alguém ia se machucar (quase sempre acontece), e desde o início foi filmando sessões de fisioterapia e movimentos arriscados. Mas não imaginou o sufoco que ele mesmo teve de passar ao filmar a estreia, no palco do teatro Alfa, em São Paulo.

O coreógrafo concebeu boa parte do espetáculo com os bailarinos dançando fora do foco de luz. "Quando vi, quase me quebrou as pernas. Sem luz não tem cinema", diz.

No fim, deu tudo certo. "Gravei as cenas várias vezes. e aproveitei até os momentos de erro, quando algum bailarino se posicionava por engano sob a luz. A beleza também vem da inexatidão."

NA TV
Work in Progress
QUANDO 25/3, às 18h, no Arte 1


Endereço da página:

Links no texto: