Folha de S. Paulo


Crítica

Aos 80, Alaíde Costa reencontra Toninho Horta

Divulgação
Alaíde Costa e Toninho Horta (Divulgação) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
AlaÃíde Costa e Toninho Horta

Já fazia sete anos que Alaíde Costa estava longe de palcos e estúdios quando, em 1972, Milton Nascimento a convidou para um dueto em "Me Deixa em Paz" (Monsueto/ Airton Amorim).

A gravação se tornou um dos destaques do LP "Clube da Esquina" e fez a carioca radicada em São Paulo ser acolhida por aqueles jovens mineiros, entre eles Toninho Horta.

"A gente não sabia que se gostava tanto", diz o músico. Ele e Alaíde se reencontraram em 2011, por sugestão do produtor Geraldo Rocha, e o trio concebeu o disco "Alegria é Guardada em Cofres, Catedrais" –o título alude ao temperamento mineiro e foi retirado de "Aqui, Oh!", canção de Toninho e Fernando Brant.

Lançado agora, o disco funciona como celebração dos 80 anos da cantora, completados em 8 de dezembro. A voz pequena e delicada de Alaíde é acompanhada apenas por Toninho, ora ao violão, ora tocando guitarra.

"Eu me sinto mais confortável dessa maneira. Não gosto de grandes grupos", diz ela.

Minas volta a ter um significado especial na sua carreira, pois é um momento em que ela, mais uma vez, vem sendo incentivada e produzida por gente mais jovem, como Geraldo Rocha e, em 2014, Thiago Marques Luiz, que realizou "Canções de Alaíde", álbum no qual a cantora interpretou apenas composições próprias.

"As portas se abriram para mim de novo", conta.

O resultado é um trabalho de repertório quase todo mineiro. São criações de Toninho (cinco, incluindo "Beijo Partido"), Beto Guedes/ Ronaldo Bastos ("Sol de Primavera"), Flávio Venturini/ Murilo Antunes ("Nascente"), Milton Nascimento/ Fernando Brant ("Travessia", "Outubro").

"Não me preocupo em gravar essas músicas [conhecidas na voz de Milton]. São estilos completamente diferentes", afirma ela. O estilo de Alaíde, intimista, pediu um acompanhamento equivalente, muito distante dos primeiros registros das canções.

"São arranjos mais leves, mais adequados à voz suave dela", sublinha Toninho, que participou de um projeto semelhante com Luciana Souza. "As cantoras gostam desse formato íntimo, acústico."

Ele não é mero acompanhante. Abre o CD com a instrumental "Nos Tempos do Paulinho", dedicada a seu irmão, o músico Paulo Horta.

E a última faixa, exceção no repertório mineiro, é um pedido dele à cantora: "Sem Você" (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes), música que ouviu na voz dela e no violão de Baden Powell em 1961, no disco "Alaíde, Joia Moderna".

O projeto vai para os palcos numa turnê que começa por São Paulo no fim de abril. E vira DVD em 2017: um documentário com cenas de estúdio e gravadas em Minas.

ALEGRIA É GUARDADA EM COFRES, CATEDRAIS

ARTISTAS Alaíde Costa e Toninho Horta

LANÇAMENTO independente

QUANTO R$ 35


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