Folha de S. Paulo


Ang Lee e asiáticos da Academia protestam contra piadas do Oscar

Asiáticos membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas endereçaram uma carta de protesto à organização do Oscar. Segundo a revista americana "The Hollywood Reporter", eles criticam as "piadas de mau gosto e quadros ofensivos" envolvendo a etnia na última edição do prêmio.

Fazendo a função de apresentador na cerimônia de 28 de fevereiro, o comediante Chris Rock foi criticado por um quadro no qual apresentava crianças asiáticas como os contadores da PriceWaterhouseCooper, empresa que computa os resultados do Oscar.

"Quem não gostou pode reclamar no Twitter usando o smartphone que eles também montaram", disse Rock.

Em entrevista à revista "Vulture", a mãe de Estie Kung, menina de oito anos que participou da piada, disse que só foi comunicada do teor preconceituoso após assinar o contrato.

Apresentando um dos prêmios, o ator Sacha Baron Cohen também foi criticado por insinuar que homens asiáticos têm pênis pequeno.

Entre os que protestam está o diretor taiwanês Ang Lee, vencedor da estatueta em 2006 ("O Segredo de Brokeback Mountain") e 2013 ("As Aventuras de Pi"). A ele se juntam Arthur Dong, Don Hall e Freida Lee Mock, antigos governadores da instituição. Ao todo, 25 personalidades da indústria endossaram o protesto.

"Diante das críticas da campanha #OscarsSoWhite [Oscar tão branco, em português], esperávamos que a cerimônia desse à Academia uma chance de mostrar um exemplo espetacular de inclusão e diversidade. Ao invés disso, o Oscar foi marcado por uma abordagem alheia às críticas em relação aos asiáticos", escreveram.

Na carta, eles ainda exigem medidas que impeçam situações semelhantes em edições futuras. "Queremos saber como essas piadas de mau gosto puderam acontecer e quais processos vocês usam para impedir que qualquer grupo sofra racismo consciente ou inconsciente no futuro."

A resposta dos organizadores veio em declaração divulgada na terça-feira (15): "A Academia é grata às críticas levantadas e se arrepende de qualquer aspecto ofensivo do Oscar. Estamos comprometidos em darmos nosso melhor para garantir que nossas premiações futuras sejam mais culturalmente sensíveis".

"Vimos muitas pessoas que disseram 'nós não vamos aceitar mais esse tipo de piada', sobretudo após Cheryl Boone Isaacs [presidente da Academia] discursar sobre diversidade", declarou um dos membros que protestam à "THR".


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