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Segunda temporada de 'Demolidor' terá vilões 'incompreendidos'

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Cena da segunda temporada de 'Demolidor'. CRÃDITO: Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Cena da segunda temporada de 'Demolidor'

A dificuldade da primeira temporada de "Demolidor" na Netflix era fazer os fãs esquecerem o vergonhoso longa com Ben Affleck, em 2003, e abrir caminho para a Marvel no serviço de streaming.

A série superou as expectativas, com uma mistura de realismo e violência rara em adaptações dos gibis para a telinha.

A segunda temporada, que será lançada nesta sexta (18) com 13 episódios, mantém essa fórmula.

"Era tentador fazer uma história de super-heróis, mas a trama é sobre um homem. É como um prato da alta culinária, repleto de nuances e sabores", afirma Charlie Cox, que vive o advogado Matt Murdock. "E Frank Castle é o ketchup."

Castle, para quem não é versado em quadrinhos, é o alter ego do Justiceiro, um anti-herói sanguinolento em busca de vingança pela morte da família.

"Ele possui um senso próprio de justiça", conta à Folha Jon Bernthal ("The Walking Dead"), convocado para viver a máquina de guerra ambulante.

O Justiceiro aparece na nova temporada como catalisador dos eventos, matando pequenos e grandes mafiosos que tentam ocupar o lugar de Wilson Fisk (Vincent D'Onofrio), o vilão da temporada anterior, mesmo que precise atirar a esmo em um hospital repleto de inocentes.

"Há momentos em que o personagem se distancia do público, causando um desconforto proposital. Foi essa ousadia que me atraiu para a série", diz Bernthal.

Principalmente porque o personagem já foi levado ao cinema sem sucesso em três versões diferentes (1989, 2004 e 2008), tanto que retornou à Marvel sem custos para o estúdio.

"Não sei o que aconteceu de errado antes", afirma o ator. Sobre a nova adaptação do personagem, diz: "Nunca vi algo tão autêntico e cru na Marvel".

A saga violenta do Justiceiro pela Cozinha do Inferno (o bairro nova-iorquino de Hell's Kitchen) o leva ao encontro do protetor da área. Quando revemos o Demolidor, ele trafega numa área cinza, tomando a lei pelas próprias mãos, abrindo caminho para pessoas como o Justiceiro.

"O poder do Justiceiro é a raiva e a série encoraja o espectador a questionar se a resposta dele é a mais válida. Não há vilões nesta temporada, apenas ações erradas", explica Cox.

Teaser de 'Demolidor'

EX-PAIXÃO

Talvez seja a diferença entre os dois anos da série. A temporada de estreia confiou em um vilão magnífico e um herói à altura.

Nos novos episódios, há personagens crentes de que "os fins justificam os meios", como Elektra Natchios (a francesa Élodie Yung), ex-paixão de Murdock que rouba a cena em lutas complexas e flashbacks elucidativos.

"Não fazia ideia de quem era Elektra ao aceitar o papel", confessa Yung. "Vi que era uma assassina, então quis trazer mais profundidade para o papel. Ela não é má, mas passa longe de ser boazinha."

Introduzir novos personagens amorais e manter o Demolidor interessante seria complicado até para Steven S. DeKnight, showrunner da primeira temporada. Mas o chefão não renovou o contrato, e a Netflix promoveu os roteiristas Douglas Petrie e Marco Ramirez a para seu lugar.

"Eles fizeram um trabalho fenomenal de reinventar a série. A segunda temporada sempre é difícil, porque o tom já está estabelecido e você não pode se repetir", diz Charlie Cox.

"No primeiro ano, o Demolidor choca o mundo. Agora, o mundo vai chocar o Demolidor."


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