Folha de S. Paulo


Com pose e cara feia, Eminem mostra no Lolla capacidade de se reinventar

Eminem não chega a ser Madonna, mas ficou claro no show que encerrou o primeiro dia do Lollapalooza em Interlagos no sábado (12) que possui uma grande capacidade de se reinventar para permanecer relevante no cenário pop.

Acompanhado de amigos rappers, alguns do coletivo de Detroit D12, o qual ele Integra há anos, e de um banda de verdade, Eminem sabia muito bem que público de festival nunca é formado apenas por seus fãs habituais. Entre a grande porcentagem de curiosos, sempre existe um público novo a ser conquistado.

É um público que não vai entender as letras, de difícil compreensão até para quem tem bom domínio do inglês. A estratégia para gostar é relaxar e se deixar levar pela batida.

Eminem mirou nesse pessoal e fez uma apresentação em que priorizou seu hip hop com mais cara de pop. A força do repertório veio mesmo das músicas de seus álbuns mais contundentes, "The Marshall Mathers LP" (2000), "Encore" (2004) e "The Marshall Mathers LP 2" (2013). Aos 43 anos, ele mantém uma aparência de 20 e poucos, molecão mesmo.

Para ganhar de vez o jogo, Eminem, mesmo simpático, manteve a atitude marrenta de sempre para cavar um lugar de honra para um artista branco no mundo negro do hip hop. Foi tão marrento no Lollapalooza que não permitiu o trabalho de fotógrafos profissionais e proibiu a transmissão do show pelo canal Multishow.

Só quem foi a Interlagos conseguiu vê-lo. E ouviu uma sucessão de pauladas sonoras para fechar a noite: "Without Me", "I'm Not Afraid" e "Lose Yourself".

Essas testemunhas viram um rapper que sabe muito bem que cara feia e pose são fundamentais nesse ramo de atividade. Ah, conta muito também a batida perfeita dos hits, claro.


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