Folha de S. Paulo


Conheça George Martin, o '5º Beatle', em 7 músicas que ajudou a criar

O lendário produtor musical britânico George Martin, que teve a morte anunciada nesta quarta (9), ganhou o apelido de "quinto Beatle" por seu papel definitivo na carreira do quarteto de Liverpool.

Ele começou a trabalhar com a banda em 1962, quanto o empresário Brian Epstein assinou contrato com a gravadora EMI-Parlophone. Sua inventividade e gosto pela experimentação ajudaram a fazer do grupo uma das marcas da cultura do século 20.

O arranjo de cordas em "Eleanor Rigby", a guitarra gravada de trás para frente dando o tom psicodélico a "Tomorrow Never Knows" e o coral de 16 pessoas cantando frases sem sentido para realçar a confusão no fim de "I am the Walrus" foram algumas das ideias de Martin que os Beatles incorporaram a suas canções.

O produtor também trabalhou com outros artistas, como Bob Dylan, Sting e Elton John, gravou discos de humor e compôs trilhas sonoras para o cinema.

Ele morreu em Londres, aos 90 anos. A notícia foi dada pelo ex-Beatle Ringo Starr no Twitter.

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Conheça Martin em sete músicas que ajudou a criar

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"A Day in the Life" (1967)

Martin fez o que nenhum arranjador faz: pediu para sua orquestra de 40 músicos tocar caoticamente, cada músico em completa falta de sintonia com os colegas. Depois gravou essa bagunça quatro vezes e empilhou tudo em uma única faixa, dando a impressão de 160 instrumentos gritando em direções diferentes. Era a impressão de caos que a faixa pedia.

"Being for the Benefit of Mr. Kite" (1967)

Para obter a estranheza e ambientação de parque de diversões que John Lennon queria para essa música, Martin gravou cerca de 60 fragmentos de sons de órgão, mandou cortar as fitas em pedaços, jogou todas para o alto e colou tudo sem a menor preocupação com sequência.

"I Am the Walrus" (1967)

O coral de 16 pessoas foi instruído a cantar gritos e frases sem sentido, para adicionar ao clima anárquico da música de John Lennon.

"Tomorrow Never Knows" (1966)

Sons de gaivota, a voz de Lennon captada de um alto-falante de teclado e guitarras gravadas de trás para frente compõem a cacofonia psicodélica desse clássico. As "gaivotas", na verdade, eram uma risada de Paul gravada de trás para frente.

"Strawberry Fields Forever" (1967)

A faixa foi gravada duas vezes, em versões de velocidades e tons diferentes. Martin juntou as duas, reduzindo a velocidade de uma delas.

"Eleanor Rigby" (1966)

Martin não só fez um brilhante arranjo de cordas, mas teve a ideia de colocar os microfones muito próximos dos violinos, violas e cellos —oito no total— para captar um som mais "duro" e realçar a angústia da canção mórbida de McCartney, certamente uma de suas letras mais tristes.

"Goldfinger" (1964)

George Martin produziu essa obra-prima —junto com o coautor da faixa, John Barry— para o tema do filme "Goldfinger", do agente James Bond. O guitarrista, não creditado, foi um jovem prodígio de 20 anos chamado Jimmy Page.

ANDRÉ BARCISNKI é jornalista e autor do livro "Pavões Misteriosos" (Três Estrelas)


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