Folha de S. Paulo


Em espetáculo, músico sul-africano resgata canções de protesto de seu país

Nascido em 1970 num país de contradições, o sul-africano Neo Muyanga diz que as músicas de protesto sempre fizeram parte de sua vida.

O músico e performer, originário de Soweto, bairro na periferia de Johannesburgo, estudou música clássica —a tradição madrigal italiana, forma poética originada na Renascença— antes de voltar ao popular que conhecia de instinto.

Seu interesse em canções de luta começou ao estudar, com o rigor do classicismo, a forma como sentimentos se expressam pela voz, explica Muyanga à Folha, por e-mail.

"Passei um tempo transcrevendo e reinterpretando arquivos de protesto na Universidade de Western Cape [na Cidade do Cabo], e foi um momento de revelação."

Da pesquisa, nasceu "Revolting Music - Inventário das Canções de Protesto que Libertaram a África do Sul", que o performer apresenta a partir de sexta (4) na MITsp - Mostra Internacional de Teatro de São Paulo.

Na peça, uma espécie de aula-concerto, Muyanga intercala momentos nos quais toca as canções e outros em que explica seu contexto histórico.

Conta, por exemplo, a influência das tradições de guerra africanas e dos corais de igreja –oriundos dos colonizadores. Ainda cria um diálogo entre as políticas manifestações musicais dos anos 1940 e 50 (no início do apartheid) e a produção contemporânea, mais pop e menos engajada.

"A síntese dessas duas tradições é o que chamamos de música de luta da África do Sul", diz.

Também comenta como essas músicas funcionam como uma tradição da cultura popular de seu país: são cantadas em grupos e muitas vezes não se conhece seus autores.

"Foi importante fazer uma música de celebração após tantos anos de discriminação racial."

REVOLTING MUSIC
QUANDO sex (4). e sáb. (5), às 21h, dom. (6), às 20h
ONDE Centro Cultural SP, r. Vergueiro, 1.000, tel. (11) 3397-4002
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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