Folha de S. Paulo


Geração de fãs de Mamonas não conheceu grupo em vida

Apesar de Mamonas Assassinas ser sua banda predileta, Juliana Barbosa não tem nenhuma lembrança do dia do acidente que vitimou o grupo. Pudera: em 2 de março de 1996, a estudante pernambucana ainda não existia.

Aos 19 anos, ela faz parte de uma geração de fãs que não chegou a ver os ídolos em ação –muitos deles, como Juliana, nasceram inclusive após a morte de Dinho, Júlio, Bento, Samuel e Sérgio.

Julio Alves, 20 anos recém completados, diz que desde os cinco anos escuta canções como "Vira-Vira", "Chopis Centis" e "Mundo Animal". "Não entendia as letras, mas a batida era contagiante."

Bruno Poletti/Folhapress
SAO PAULO, SP, 01.11.2015: Ana Luiza Menezes, - evento de homenagem aos mamonas assassinas. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress, FSP-COTITIANO) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Luíza Menezes, 18, em evento de homenagem aos Mamonas Assassinas, em novembro de 2015

A história é similar em muitos casos: familiares mais velhos –no caso de Julio, um tio– introduzem a banda à geração mais jovem, formando novos fãs.

Foi o que aconteceu também com Rodolfo Roque, 22. Ele tinha apenas um ano quando os Mamonas estouraram e dois quando morreram. O pouco contato com os ídolos em vida não impediu que ele virasse fã a ponto de, hoje, administrar o grupo "Mamonas Assassinas Oficial" no Facebook.

"Ouço desde o berço. Minha mãe sempre fala que, quando eu era bebê, ela me acalmava com uma fitinha deles."

Já para Juliana, a história começou um pouco mais tarde, aos 14 anos, por intermédio do irmão –mais novo, que hoje tem 17 anos. "Acabei virando muito fã, gosto até hoje", diz. "Comecei até a tocar violão por causa deles."

Moradora de Petrolândia, cidade de cerca de 30 mil habitantes no interior de Pernambuco, ela lamenta ser "uma fã isolada". "Aqui não tem mais gente, eu interajo mais por grupos na internet."

O problema, no entanto, parece ser geral: Julio, de São Paulo, diz ter parado de ir a shows covers da banda por não ter mais "amigos que curtam tanto" o quinteto.

Aliás, a impossibilidade de assistir a um show dos originais é das que mais chateiam os fãs jovens. "Sempre fico me lamentando", diz Rodolfo. "Mas pelo menos tem vários vídeos, então dá para matar um pouco a vontade."

Ele diz que "sempre soube" do acidente. "Eu via as homenagens, então já tinha uma ideia quando ia crescendo."

A fã Luíza Menezes, 18, só foi descobrir a morte dos ídolos aos "sete ou oito anos", quando os pais a levaram no cemitério Primaveras, em Guarulhos, onde estão enterrados os Mamonas. Em novembro de 2015, ela participou de uma nova homenagem no local, dessa vez acompanhada de amigos.

Para Juliana, no entanto, é isso é detalhe: "Eu penso assim: a vida é efêmera, mas a obra é imortal".


Endereço da página: