Como anjinhos endiabrados, ostentando asas brancas sobre um palco que faz as vezes de céu, os integrantes dos Mamonas Assassinas recebem do anjo Gabriel uma missão: precisam recontar sua história em forma de musical.
É esse princípio metalinguístico que guia "O Musical Mamonas", espetáculo com estreia marcada para o dia 11 de março em São Paulo.
Da cena celestial descrita acima, segue-se uma narrativa cronológica da banda, desde a formação do Utopia (primeiro nome do grupo, quando fazia rock "sério") ao sucesso dos Mamonas.
Ike Levy/Divulgação | ||
Adriano Tunes, Elcio Bonazzi, Ruy Brissac, Arthur Ienzura e Yudi Tamashiro |
No texto do dramaturgo Walter Daguerre, tudo é centrado na carreira do quinteto, e muito pouco é dito da vida pessoal de cada um.
Até o trágico acidente aéreo que matou os integrantes da banda, há exatos 20 anos, não tem menção direta: são feitas apenas alusões ao fato.
"Não quisemos lidar com o universo familiar, mas mostrar a ascensão dessa banda desde o anonimato", explica o diretor José Possi Neto.
Das músicas, porém, não se vê só a produção dos Mamonas. Além de títulos como "Robocop Gay" e "Vira-Vira", fazem parte da trilha sonora bandas que influenciaram o quinteto: Titãs ("Comida"), Legião Urbana ("Geração Coca-Cola"), Guns N' Roses ("Sweet Child O' Mine").
Os arranjos transitam entre diversos estilos, do rock ao xaxado, e dão "uma cara 'mamônica' às músicas", como define o diretor musical Miguel Briamonte.
Para Possi, o humor "ingênuo e infantil" da banda é análogo ao que se fazia nas chanchadas da produtora Atlântida, que tinha entre seus principais nomes a atriz Dercy Gonçalves (1907-2008).
"É um humor que nunca feriu ninguém", afirma. O diretor buscou para o cenário –composto em boa parte de projeções– e para as interpretações uma linguagem próxima do cartum. Um visual, diz ele, presente nos shows dos Mamonas e no clipe de "Pelados em Santos".
TREJEITOS
Em cena, os atores Ruy Brissac (que interpreta Dinho), Adriano Tunes (Julio), Yudi Tamashiro (Bento), Elcio Bonazzi (Samuel) e Arthur Ienzura (Sergio) não tocam os instrumentos –estes ficam por conta de cinco músicos, alocados atrás do palco–, mas cantam e mimetizam os trejeitos cômicos do quinteto, com suas danças esquisitonas.
Ainda há espaço para as imitações que Dinho fazia, como a de Silvio Santos, a mais difícil, segundo Ruy. "Ele conseguia mudar muito a voz. O bichinho era arretado."
Paulista de Bom Jesus dos Perdões, o ator de 26 anos se parece muito com o retratado. "As pessoas sempre me pararam na rua, pediam para tirar foto", conta ele, que também viverá o vocalista em uma minissérie da TV Record.
Depois de São Paulo, o musical segue para o Rio, onde faz temporada, em julho e agosto, no Theatro Net.
O MUSICAL MAMONAS
QUANDO qui., sex. e sáb., às 21h, dom., às 18h; de 11/3 a 29/5
ONDE Teatro Raul Cortez, r. Dr. Plínio Barreto, 285, tel. (11) 3254-1631
QUANTO R$ 120
CLASSIFICAÇÃO 12 anos