Folha de S. Paulo


Vai ficar na história de cada um, diz regente de coral do show dos Stones

Formado no início de fevereiro com a proposta de fazer apresentações especiais, o Coral Sampa teve uma estreia de gala: acompanhou os Rolling Stones na música "You Can't Always Get What You Want" nos dois shows que os britânicos fizeram, na quarta (24) e no sábado (27), no estádio do Morumbi, em São Paulo.

A preparação foi intensa e no dia dos shows chegaram quase 10 horas antes de cantar, afirma a regente do coral, Thelma Chan.

Antes de subir ao palco, apenas um encontro com Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts. "Mas só cumprimentos, olhares e simpatia. Nada de invadir o espaço da banda. Daí, cantar ali, com os quatro numa sala! Pode imaginar? Achei os caras muito simpáticos e educados", descreve Thelma. "A jam session que tivemos ali é para ficar na história de cada um."

De acordo com ela, o processo de seleção durou duas semanas e foi bastante difícil. "Enquanto a técnica que avalia a participação de todos os corais do mundo não nos deu OK, não paramos de trabalhar. A aprovação passa pelos mínimos detalhes, da afinação ao figurino dos cantores", diz a paulistana que vive no tradicional bairro da Mooca.

Thelma, que não era grande fã dos britânicos, se diz agora apaixonada pelo grupo e já elenca suas músicas favoritas: "Satisfaction", "Paint It Black" e "You Can't Always Get What You Want", claro.

"Depois dessa experiência fiquei apaixonada pela banda, pela garra, pela necessidade de seguir, ainda que não precisem, ainda que estejam bem andados na vida. Eles atraem pelo que são, pelo que se tornaram, pela produção musical.

Abaixo, leia bate-papo com a regente do Coral Sampa:

Pizza rat

Folha - Como descreveria as apresentacões do coral na quarta e no sábado?
Thelma Chan - Na quarta-feira teve o nervoso da estreia. E que estréia! Cantar com os Rolling Stones na frente de mais de 60 mil pessoas, com coral à capela... Mas no sábado... no sábado, sem modéstia alguma, arrasamos na afinação, na sonoridade, na garra, na energia. No sábado tive a certeza de que merecemos o prazer e a honra de cantar com eles, a maior banda de rock do mundo.

Já tinham cantado com outra banda grande?
Não tivemos tempo ainda! O Coral Sampa nasceu no começo de fevereiro, com a proposta de fazer apresentações especiais. São 24 cantores com idades entre 18 e 35 anos, na maioria estudantes de música. Alguns deles já tinham feito parte de corais meus ou da Maru Ohtani, a regente-assistente.

Como foi a preparação no dia do show?
Chegamos praticamente 10 horas antes de nossa entrada. Acertar detalhes inimagináveis, mais ensaios, passagem de som no palco, fotos, vídeos, mais ensaio, assistir aos Titãs, nos vestir, cantar, com todas as outras coisas prosaicas no meio.

Como foi o processo de escolha para acompanhar os Rolling Stones em SP?
Bastante difícil. Enquanto a técnica que avalia a participação de todos os corais do mundo não nos deu ok, não paramos de trabalhar. A aprovação passa pelos mínimos detalhes, da afinação ao figurino dos cantores. Tudo é levado extremamente a sério. Tivemos que enviar dois vídeos do trabalho em momentos diferentes para alcançar nosso objetivo. E olha que nossos cantores, modéstia inclusa, são muito bons.

Qual sua reação quando soube que o Coral Sampa havia sido escolhido?
Primeiro alívio e sensação de "dever cumprido na primeira fase ". Depois, só alegria, mas sempre resguardada por um senso absurdo de responsabilidade, por ter a chance de dividir o palco com a maior banda de rock do mundo.

Quantos e como foram os ensaios e encontros nos bastidores com os Rolling Stones?
Cinco ensaios para uma música apenas. Quanto ao encontro, sim tivemos um momento íntimo com a banda, mas só cumprimentos, olhares e simpatia. Nada de invadir o espaço da banda. Daí, cantar ali, com os 4, numa sala! Podem imaginar? Achei os caras muito simpáticos e educados. O Mick é mais na dele, mas, no geral, muitos sorrisos e cumplicidade com os cantores. A jam session que tivemos ali é para ficar na história de cada um!

Você era fã dos Stones? Já tinha ido a algum show deles?
Na verdade nunca fui tão fã, pois amava os Beatles e nem me atraía a contracultura da banda então. Depois, me dediquei à música erudita e à popular brasileira e nunca fui muito de rock and roll...
Mas devo te dizer que depois dessa experiência fiquei apaixonada pela banda, pela garra, pela necessidade de seguir, ainda que não precisem, ainda que estejam bem andados na vida. Eles atraem pelo que são, pelo que se tornaram, pela produção musical. Qual a outra banda no mundo com mais de 50 anos? Já tenho até músicas prediletas da banda agora (risos).

Quais são?
"Satisfaction", "Paint It Black" e "You Can't Always Get What You Want", claro.

Conseguiu assistir ao show todo? O que achou?
Não todo, porque precisávamos nos aprontar para o encerramento. Mas deu pra sentir tudo! Os cantores ficaram superanimados, felizes mesmo. E eu, que nem era tão fã, hoje estou apaixonada. Que pique! Que seriedade, que produção! Muito legal mesmo.


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