Folha de S. Paulo


Apresentador Chris Rock fica à revelia de polêmica sobre racismo no Oscar

Quando Chris Rock, 51, apresentou o Oscar pela primeira vez, em 2005, 20% dos indicados às categorias de atuação eram negros. Naquele ano, foram lembrados Jamie Foxx, Don Cheadle, Morgan Freeman e Sophie Okonedo.

As vitórias históricas de Halle Berry e Denzel Washington em 2002 -primeira e única vez em que as estatuetas de melhor ator e atriz foram para negros- também estavam frescas na memória.

Onze anos depois, a história é outra. O anúncio da volta de Rock como apresentador da 88ª edição do prêmio antecedeu o anúncio dos indicados e a constatação de que, pelo segundo ano consecutivo, não havia negros nas categorias de atuação.

Instagram/Reprodução
Chris Rock volta a apresentar cerimônia do Oscar
Chris Rock volta a apresentar cerimônia do Oscar

Muito se especulou que o comediante poderia abrir mão do cargo como forma de protesto, mas sua resposta foi um tuíte apontando o Oscar como o equivalente branco do BET (Black Entertainment Television), prêmio anual
dedicado a artistas negros.

Agora, recai sobre ele a responsabilidade de fazer coro às críticas de colegas como Spike Lee e o casal Will e Jada Pinkett Smith -que não irão à cerimônia em protesto-, mas só o suficiente para não espantar o público.

Há pressão do canal ABC sobre Rock para reverter a queda acentuada de audiência do ano passado (15%), ainda maior entre a população negra (20%), segundo a consultora especializada Nielsen.

Segundo Reginald Hudlin, um dos produtores-executivos da transmissão da cerimônia -e também negro-, o espectador deve esperar piadas sobre a controvérsia.

"A Academia espera que ele faça isso", declarou ao programa de TV "Entertainment Tonight". "Os membros estão animados com a possibilidade, porque sabem que é disso que precisam. Sabem que é o desejo do público."

Além de Rock, a produção do Oscar já anunciou a participação de 11 negros na cerimônia, entre eles Whoopi Goldberg, Quincy Jones e Kerry Washington.

A escolha reflete os recentes esforços da Academia, anunciados pela presidente, a afro-americana Cheryl Boone Isaacs, para se diversificar.


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