Folha de S. Paulo


crítica filme na tv

Assim como personagens, 'Festa' fica resignado com injustiças

"Festa" (1989, 14 anos, Cultura, 24h) é talvez a última grande obra da era Embrafilme. Grande, embora modesta. E embora seja uma antifesta, na verdade.

Ali, Ugo Giorgetti dispôs três profissionais para animar uma festa de mansão. Existe um jogador de bilhar (Adriano Stuart), um músico (Jorge Mautner) e um terceiro (Antônio Abujamra). Não importa o que fazem: importa que esperam ser chamados para exercer o seu papel. Um pouco como se espera Godot.

Há, porém, outro aspecto no filme de Giorgetti: entre a festa e os profissionais existe uma divisão não só de andar, mas de classe. O filme não observa essa distância com revolta: como os artistas, parece resignado com as injustiças do mundo.

Com o lugar subalterno destinado, afinal, aos artistas. A quem está em cena, claro, mas também aos cineastas. Logo depois, aliás, Collor os tiraria da festa.

Greg Salibian/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL - 19/08/2012 - Coluna Monica Bergamo: Estreia da peca
O cineasta Ugo Giorgetti, autor de 'Festa', em estreia da peça 'Arte', em São Paulo, em 2012

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