Folha de S. Paulo


Semana de Moda de NY faz de desfiles espetáculos virtuais com celebridades

Assista ao desfile

O principal resumo da moda como ela é hoje não foi dado por um estilista, marca ou guru de tendências, mas pelo rapper, produtor e, de acordo com sonhos divulgados na imprensa, futuro estilista da grife Hermès, Kanye West.

Embora não tenha desfilado no calendário oficial, o designer novato abriu o inverno 2017 da semana de moda de Nova York, que terminou na quinta (18), mostrando a terceira coleção de sua grife Yeezy. Mídia e 16 mil fãs acompanharam o show, que fez estilistas mudarem as datas das suas apresentações para não trombarem com o novo colega.

É esse apreço pela espetacularização o norte dos desfiles da temporada mais comercial do calendário internacional e, num futuro próximo, o que definirá o papel das semanas de moda em todo o mundo. Hashtags, tags e posts no Instagram nunca foram tão importantes para as marcas como são agora.

A Coach fechou parceria com o Google e transmitiu o primeiro desfile por realidade virtual e 3D, o que permitiu aos usuários uma visão 360º da passarela. Diane von Furstenberg, por sua vez, aboliu a passarela convencional e montou, em seu apartamento, uma apresentação em que as modelos dançavam e faziam carão com roupas inspiradas na "disco music".

Esse clima de festa interminável já faz parte do calendário, mas agora ganhou reforço de pesos pesados da indústria do entretenimento. Desde que desfilou uma primeira coleção desenhada para a marca esportiva Puma, na sexta (12), Rihanna angaria três tuítes por minuto sobre a colaboração.

As roupas, disse a cantora, foram criadas pensando que "se a família Adams fosse à academia, é isso [as roupas] o que usaria".

As modelos-cabide e sem emoção de outrora também ficaram para trás. Quem se destaca, hoje, no jogo da passarela, são as garotas-sensação do Instagram. A irmã da socialite Kim Kardashian West, Kendall Jenner, tem 49 milhões de seguidores e um batalhão de marcas aos seus pés.

A californiana Gigi Hadid, considerada um tanto acima do peso para as passarelas parisienses e com quase 14 milhões de seguidores na rede social, é a estrela do desfile da Tommy Hilfiger.

BUY NOW, WEAR NOW

Haddid assinará uma coleção em parceria com Hilfiger a ser desfilada na próxima temporada, em setembro. No mesmo mês, o estilista passará a adotar o modelo de negócios "buy now, wear now" (compre agora, vista agora).

Esse modelo de venda, que acaba com a espera de seis meses entre desfile e vitrine, está sendo considerada a grande revolução do varejo no século.

Para seus defensores, o desfile apresentado hoje perde força se chega à vitrine só após um semestre, devido à rapidez com a qual a roupa é compartilhada e comentada na rede.

Grifes como a francesa Lacoste e a italiana Versus Versace, segunda marca da Versace, já haviam aderido à mudança nos últimos anos, mas foi neste mês, após a adesão da inglesa Burberry, que o efeito manada se concretizou.

"Este é o próximo passo de uma longa história de democratizar a passarela e abri-la aos consumidores", diz o estilista Tommy Hilfiger à Folha. "Queremos expandir o nosso alcance a toda uma audiência nova e entregar o produto de uma forma totalmente nova."

Além dele, Michael Kors, Tom Ford, Marc Jacobs, Jason Wu, Joseph Altuzarra e Prabal Gurung já anunciaram a mudança em suas coleções.


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